Este fator pode acelerar o declínio da memória em idosos, segundo estudo

Estudo canadense revela um fator que pode acelerar o declínio da memória em idosos, mesmo com vida social ativa

Por Caroline Vale em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
19/05/2025 07:32 / Atualizado em 24/05/2025 18:56

A solidão, frequentemente associada ao envelhecimento, tem ganhado destaque como um fator de risco para o comprometimento da saúde cerebral em pessoas idosas.

Aliados poderosos da memória e da saúde cerebral. (Foto usada apenas para fins ilustrativos. Posada por profissional)
Aliados poderosos da memória e da saúde cerebral. (Foto usada apenas para fins ilustrativos. Posada por profissional) - iStock/PIKSEL

Mais do que um sentimento passageiro, ela pode afetar diretamente a memória e outras funções cognitivas, como revela uma pesquisa conduzida pela Universidade de Waterloo, no Canadá.

O que o estudo descobriu?

O levantamento acompanhou idosos ao longo de seis anos e apontou uma conexão preocupante: aqueles que se sentiam solitários apresentaram um declínio mais acentuado da memória, mesmo que estivessem socialmente ativos.

Os piores resultados cognitivos foram observados entre os participantes que estavam tanto socialmente isolados quanto emocionalmente solitários.

No entanto, mesmo idosos com rede social ativa, mas sem vínculos emocionais profundos, também mostraram sinais de comprometimento mental. Esse achado reforça que o fator determinante não é apenas a quantidade de interações sociais, mas sim a qualidade das conexões afetivas.

Solidão e isolamento social não são a mesma coisa: o primeiro é um sentimento de desconexão, mesmo com pessoas por perto. Já o segundo envolve a ausência real de contato social.

O que a solidão provoca no cérebro?

A solidão ativa uma série de respostas no organismo, especialmente ligadas ao estresse. Um dos principais hormônios liberados nesse processo é o cortisol, que, em níveis elevados e contínuos, pode prejudicar funções como memória, atenção e capacidade de aprendizado.

Além disso, a falta de vínculos afetivos pode reduzir a produção de neurotransmissores essenciais ao bem-estar, como a dopamina e a serotonina.

Esses desequilíbrios químicos, somados à redução da plasticidade cerebral — ou seja, a capacidade do cérebro de se adaptar e formar novas conexões — tornam o ambiente propício ao surgimento de doenças neurodegenerativas, como a demência.

Como manter o cérebro ativo e reduzir os impactos da solidão?

Apesar dos riscos associados à solidão, há caminhos para proteger a saúde mental ao longo da vida, como:

  • Participar de grupos e atividades em comunidade: envolver-se com pessoas com interesses semelhantes fortalece vínculos e estimula o cérebro.
  • Valorizar o contato com amigos e familiares: conversas regulares são importantes para o suporte emocional e sensação de pertencimento.
  • Praticar exercícios físicos em grupo: caminhadas, danças e esportes coletivos oferecem benefícios físicos e sociais.
  • Estimular o cérebro com desafios cognitivos: jogos, leitura, quebra-cabeças ou aprender algo novo são excelentes maneiras de manter a mente ativa.

Especialistas reforçam que a solidão deve ser vista não apenas como uma questão emocional ou social, mas como um verdadeiro desafio à saúde pública — com impactos diretos na qualidade de vida da população idosa.