Estudo alerta que queijo envelhecido pode abrigar vírus perigoso

A recomendação dos especialistas é optar por produtos pasteurizados ou que tenham passado por processos que garantam a inativação do vírus

Por Silvia Melo em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
17/03/2025 11:59 / Atualizado em 19/03/2025 15:21

Os queijos feitos de leite cru podem abrigar o vírus H5N1, causador da gripe aviária, por meses, segundo um estudo recente da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos. A pesquisa, financiada pela FDA (Food and Drug Administration), levanta preocupações sobre a segurança dos produtos lácteos não pasteurizados em meio ao surto da doença que já atingiu quase mil rebanhos em 17 estados americanos.

Risco oculto em queijos de leite cru

Nos EUA, a venda de leite cru para consumo direto é proibida, mas ele pode ser comercializado na forma de produtos fermentados e maturados por, no mínimo, 60 dias. A justificativa para essa exceção é que o processo de maturação permite a ação de ácidos e enzimas que eliminam a maioria dos patógenos. No entanto, a nova pesquisa indica que esse mecanismo pode não ser suficiente para erradicar o vírus H5N1.

Os cientistas testaram queijos produzidos com leite contaminado pelo vírus, variando os níveis de acidez (pH 6,6, 5,8 e 5,0). Os resultados mostraram que os níveis do vírus permaneceram altos por pelo menos sete dias e depois diminuíram nos queijos com pH 6,6 e 5,8. No entanto, mesmo após o período de maturação de dois meses, o vírus ainda era infeccioso.

Além da pesquisa experimental, os cientistas também analisaram queijos de uma fazenda que, sem saber, utilizou leite de vacas infectadas. Novamente, os testes indicaram a presença do vírus em níveis elevados por até dois meses. Isso reforça a hipótese de que o H5N1 pode sobreviver no queijo envelhecido, colocando consumidores em risco.

Pesquisa descobre que vírus da gripe aviária pode resistir por meses em queijos envelhecidos
Pesquisa descobre que vírus da gripe aviária pode resistir por meses em queijos envelhecidos - seraficus/istock

Embora autoridades de saúde dos EUA tenham afirmado que alimentos não representam um risco significativo de transmissão para humanos, pesquisadores alertam para a necessidade de cautela. Casos de infecção foram registrados em trabalhadores rurais, além de animais como gatos, que contraíram a doença após ingerirem leite cru contaminado.

Como tornar o queijo mais seguro?

O estudo sugere que aumentar a acidez do queijo pode ser uma alternativa para reduzir o risco. O queijo produzido com pH 5,0 não apresentou vírus viáveis, indicando que o ambiente ácido pode impedir a sobrevivência do H5N1. Além disso, pesquisas anteriores mostraram que a pasteurização é eficaz na eliminação do vírus, tornando o leite e seus derivados mais seguros para consumo.