Estudo aponta para 3 momentos na vida em que acontece um envelhecimento cerebral acelerado

Um novo estudo alega ter identificado 13 proteínas associadas à velocidade do envelhecimento cerebral

Por Silvia Melo em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
15/12/2024 22:31 / Atualizado em 18/12/2024 15:14

Pesquisadores identificaram 13 proteínas que podem estar associadas ao envelhecimento cerebral. E mais que isso: observaram que elas provocam mudanças cerebrais mais pronunciadas em três momentos-chave da vida: aos 57, 70 e 78 anos. Os resultados foram publicados na revista Nature Aging em 9 de dezembro.

O estudo é de um grupo de pesquisadores do Primeiro Hospital Afiliado da Universidade de Zhengzhou, na China. Eles utilizaram ressonâncias magnéticas cerebrais de quase 11.000 indivíduos, com idades entre 45 e 82 anos, para estimar a “diferença de idade cerebral” — uma medida que avalia o descompasso entre a idade cerebral e a cronológica de cada participante.

Então, eles empregaram inteligência artificial para identificar características fisiológicas, como o volume e a área superficial do cérebro, revelando o grau de envelhecimento acelerado em cada caso.

A análise também incluiu a avaliação de cerca de 3.000 proteínas no sangue de quase 5.000 participantes. Como o sangue conecta o cérebro ao restante do corpo, alterações na concentração dessas proteínas no sangue podem refletir mudanças ocorrendo no cérebro.

Um novo estudo alega ter identificado 13 proteínas associadas à velocidade do envelhecimento cerebral
Um novo estudo alega ter identificado 13 proteínas associadas à velocidade do envelhecimento cerebral - Steklo_KRD/istock

Proteínas relacionadas ao envelhecimento do cérebro

Os pesquisadores identificaram 13 proteínas cujas concentrações sanguíneas estavam intimamente relacionadas à idade biológica do cérebro. Proteínas associadas ao envelhecimento, como aquelas ligadas ao estresse celular e inflamação, aumentaram com o avanço da idade cerebral.

Por outro lado, proteínas que contribuem para a manutenção da função cerebral, como as que atuam na regeneração celular, mostraram redução com o envelhecimento.

Entre as proteínas analisadas, a brevican destacou-se por apresentar uma relação forte com a idade biológica cerebral. Essa proteína, cuja concentração diminuiu ao longo do tempo, mostrou uma correlação significativa com doenças como demência e derrames.

A brevican desempenha um papel importante na comunicação entre neurônios, apoiando estudos anteriores que sugerem sua utilidade como marcador para o diagnóstico de condições neurodegenerativas.

Os cientistas também observaram que as concentrações das 13 proteínas atingiram picos em idades específicas: 57, 70 e 78 anos. Essas variações podem indicar “ondas” de envelhecimento cerebral, oferecendo possíveis pontos de referência para desenvolver intervenções antienvelhecimento no futuro.