Estudo aponta para hábito em excesso que tem ligação com demência

Pesquisadores chamam atenção para os padrões de sono diurno e para a importância de os pacientes observarem se seu horário de sono está mudando

29/01/2024 09:34

Um estudo recente descobriu que idosos que cochilavam pelo menos uma vez por dia ou mais de uma hora por dia eram 40% mais propensos a desenvolver demência do que aqueles que não mantinham o hábito.

A descoberta foi publicada no periódico “Alzheimer’s and Dementia”, da Associação de Alzheimer.

Os resultados não apenas sugerem que o cochilo diurno excessivo pode sinalizar um risco elevado de demência, mas também mostram que o aumento anual mais rápido do cochilo diurno pode ser um sinal de deterioração ou progressão clínica da doença.

Estudo encontra ligação entre comportamentos de sono diurno e demência
Estudo encontra ligação entre comportamentos de sono diurno e demência - DGLimages/istock

“Nosso estudo pede uma atenção mais cuidadosa aos padrões de sono de 24 horas – não apenas o sono noturno, mas também o sono diurno – para monitoramento da saúde em adultos mais velhos”, disse Peng Li, um dos autores da pesquisa.

Detalhes da investigação

O estudo testou duas hipóteses: (1) os participantes cochilam mais e/ou com mais frequência com o envelhecimento e as mudanças são ainda mais rápidas com a progressão da doença de Alzheimer; e (2) os participantes com cochilos diurnos excessivos correm um risco aumentado de desenvolver Alzheimer.

Mais de 1.000 indivíduos, com idade média de 81 anos, receberam o Actical, um dispositivo semelhante a um relógio, para usar no pulso não dominante por até 14 dias.

A equipe identificou episódios de sono usando um algoritmo de pontuação de sono previamente validado que considera a contagem de atividades do pulso. Após a identificação dos episódios de cochilo, foram calculadas a duração e a frequência do cochilo.

Os pesquisadores descobriram que a duração e a frequência do cochilo estavam positivamente correlacionadas com a idade e encontraram uma relação longitudinal bidirecional entre o sono diurno e a doença de Alzheimer.

Independentemente dos fatores de risco conhecidos para a demência, incluindo a idade e a duração e fragmentação do sono noturno, os cochilos diurnos mais longos e mais frequentes foram um fator de risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer em homens e mulheres idosos cognitivamente normais.

Além disso, os aumentos anuais na duração e frequência do cochilo foram acelerados à medida que a doença progredia, especialmente após a manifestação clínica da doença de Alzheimer.

Em última análise, os autores descrevem a relação entre o cochilo diurno e a cognição como um “ciclo vicioso”.

Os pesquisadores defendem que estudos futuros precisam testar se uma intervenção direta no cochilo diurno pode reduzir o risco de Alzheimer ou de declínio cognitivo.