Estudo aponta para medicamentos que reduzem o risco de demência

Os resultados sugerem que esses medicamentos podem oferecer benefícios neuroprotetores e potencialmente retardar o declínio cognitivo

Por Silvia Melo em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
23/04/2025 05:01

Dois medicamentos amplamente utilizados no tratamento do diabetes tipo 2 podem oferecer um benefício adicional surpreendente: a proteção contra a doença de Alzheimer e outros tipos de demência. A descoberta vem de um estudo recente da Faculdade de Farmácia da Universidade da Flórida (UF), publicado em 7 de abril no JAMA Neurology.

A pesquisa analisou dados de milhares de idosos com diabetes tipo 2, inscritos no sistema Medicare dos Estados Unidos, e revelou que os usuários de agonistas do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1RAs) e inibidores do cotransportador sódio-glicose tipo 2 (SGLT2is) apresentaram um risco significativamente menor de desenvolver Alzheimer e outras formas de demência, em comparação com usuários de outros medicamentos hipoglicemiantes.

Benefícios que vão além do controle da glicose

Os GLP-1RAs e os SGLT2is já são conhecidos por seus efeitos positivos no controle glicêmico e na redução do risco cardiovascular em pacientes com diabetes tipo 2. No entanto, este novo estudo destaca uma possível ação neuroprotetora dessas classes de medicamentos.

Segundo os autores do estudo, os dados sugerem que essas medicações podem retardar o declínio cognitivo ou até mesmo atuar na prevenção da doença de Alzheimer em pessoas com diabetes — e potencialmente, no futuro, até em pessoas sem diabetes.

Pesquisadores descobriram que dois medicamentos comuns para diabetes tipo 2, os GLP-1RAs e os SGLT2is, estão associados a um risco reduzido de Alzheimer e outros tipos de demência
Pesquisadores descobriram que dois medicamentos comuns para diabetes tipo 2, os GLP-1RAs e os SGLT2is, estão associados a um risco reduzido de Alzheimer e outros tipos de demência - o:SolStock/istock

Implicações para o futuro da prevenção do Alzheimer

A descoberta pode abrir caminho para novas estratégias terapêuticas na prevenção e tratamento de doenças neurodegenerativas.O próximo passo será investigar os efeitos desses medicamentos em populações mais amplas, considerando o uso crescente dessas terapias na prática clínica.

Além disso, futuras pesquisas devem identificar quais grupos de pacientes se beneficiam mais com os efeitos neuroprotetores, além de avaliar eventuais riscos à segurança do uso prolongado dessas substâncias.

A importância da prevenção em pacientes com diabetes

Pacientes com diabetes tipo 2 já enfrentam um risco maior de desenvolver doenças neurodegenerativas, como Alzheimer. Por isso, descobrir tratamentos que ofereçam benefícios além do controle glicêmico é um avanço significativo para a saúde pública, especialmente considerando o envelhecimento da população mundial.

Os resultados também reforçam a importância de um acompanhamento multidisciplinar, integrando endocrinologistas, neurologistas e geriatras para otimizar o cuidado com o cérebro em pacientes com doenças crônicas como o diabetes.