Estudo associa tipos de infecções graves a uma perda acelerada de volume cerebral e à demência
As descobertas se somam a um crescente conjunto de evidências de que infecções estão associadas a um risco maior de demência mais tarde na vida
Um novo estudo publicado na Nature Aging reforça as evidências de que infecções graves, como gripe, herpes-zóster e infecções respiratórias, estão associadas à aceleração da atrofia cerebral e ao aumento do risco de demência.
O estudo é baseado na análise de dados feita por pesquisadores no Baltimore Longitudinal Study of Aging, que é um dos estudos mais antigos sobre envelhecimento dos Estados Unidos.
Detalhes do estudo
Os pesquisadores examinaram como o volume cerebral mudou em 982 participantes com e sem histórico de infecção. As mudanças no volume cerebral foram rastreadas por meio de análise de ressonância magnética, que começou em 2009.
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Das 15 infecções examinadas durante o estudo, seis foram associadas à perda acelerada de volume cerebral.
Os pesquisadores conduziram análises adicionais usando dados de quase 500.000 indivíduos no UK Biobank e 273.000 pessoas em um conjunto de dados finlandês.
As análises apontaram que infecções associadas à atrofia cerebral também estão associadas ao risco de demência por todas as causas.
O risco aumentado era ainda maior para demência vascular, que é o segundo diagnóstico de demência mais comum depois da doença de Alzheimer e é causado pela restrição de sangue ao cérebro.
As descobertas se somam a um crescente conjunto de evidências de que infecções estão associadas a um risco maior de demência mais tarde na vida.
De acordo com os autores do estudo, as evidências crescentes sugerem que a ligação não parece ser específica para nenhum tipo de infecção, seja bacteriana ou viral.
O que explica a ligação entre infecções e demência?
Embora os cientistas ainda não compreendam completamente a ligação biológica entre infecções e o aumento do risco de demência, há pistas relacionadas ao sistema imunológico.
No estudo atual, amostras de sangue de 942 participantes revelaram que pessoas com histórico de infecções apresentaram alterações em 260 proteínas ligadas ao sistema imunológico.
Dentre essas, um subconjunto de 35 proteínas foi associado a mudanças no volume cerebral. Algumas dessas proteínas pareciam prejudiciais, estando relacionadas à diminuição do volume cerebral, enquanto outras mostraram efeitos protetores.
Os pesquisadores ressaltam, no entanto, que este estudo mostra correlações entre infecções, proteínas relacionadas ao sistema imunológico e efeitos neurológicos, mas não causalidade.
Eles também disseram que infecções menores não são motivo de alarme, pois os dados foram coletados de pacientes graves, que chegaram a ser hospitalizados.