Estudo comprova que este hábito alimentar aumenta o risco de demência

Pesquisa com mais de 100 mil pessoas ao longo de 43 anos apontou a carne vermelha processada como grande vilã

Por Silvia Melo em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
17/04/2025 11:31 / Atualizado em 23/04/2025 11:03

Se você está em busca de maneiras eficazes para proteger a saúde do cérebro, talvez pense em jogos de memória ou atividades cognitivas. No entanto, uma nova pesquisa publicada na revista Neurology destaca um fator muitas vezes negligenciado: a alimentação. Segundo o estudo, o consumo frequente de carne vermelha processada pode aumentar significativamente o risco de demência e declínio cognitivo.

A relação entre carne vermelha processada e o cérebro

  • O estudo acompanhou 133.771 adultos sem diagnóstico de demência por até 43 anos.
  • Durante esse período, os pesquisadores registraram os hábitos alimentares dos participantes a cada dois a quatro anos.
  • Ao final da pesquisa, 11.173 pessoas desenvolveram demência.

Os cientistas dividiram os participantes em três grupos, com base na quantidade de carne vermelha processada consumida diariamente:

  • Baixo consumo: menos de 0,1 porções por dia
  • Médio consumo: entre 0,1 e 0,24 porções por dia
  • Alto consumo: 0,25 ou mais porções por dia

Os resultados foram alarmantes: quem consumia mais carne processada — como bacon, salsicha, mortadela e salame — apresentava um risco 13% maior de desenvolver demência, em comparação com os que consumiam menos.

Hábito de consumir carne vermelha processada pode aumentar o risco de demência no futuro
Hábito de consumir carne vermelha processada pode aumentar o risco de demência no futuro - mixetto/istock

Por que a carne processada prejudica o cérebro?

Especialistas indicam vários mecanismos que explicam esse impacto negativo. Entre os principais vilões estão:

  • Gordura saturada: presente em grandes quantidades na carne vermelha, está associada à inflamação e ao comprometimento das funções cerebrais.
  • Nitritos e conservantes: comuns em alimentos processados, podem afetar a saúde neurológica e aumentar o risco de doenças neurodegenerativas.
  • Disfunção da microbiota intestinal: a digestão da carne vermelha pode gerar substâncias tóxicas que interferem diretamente no funcionamento do cérebro.

Como proteger o cérebro e reduzir o risco de demência?

A boa notícia é que a alimentação também pode ser uma forte aliada na prevenção da demência. O estudo revelou que substituir carne processada por opções mais saudáveis pode reduzir o risco em até 20%. Entre os alimentos recomendados estão:

  • Peixes ricos em ômega-3
  • Nozes e castanhas
  • Leguminosas como feijão, lentilha e grão-de-bico
  • Vegetais folhosos e frutas ricas em antioxidantes

Além disso, seguir padrões alimentares como a dieta MIND e a dieta Mediterrânea é altamente recomendado por neurologistas. Ambas priorizam alimentos naturais, gorduras saudáveis, grãos integrais e baixa ingestão de carnes vermelhas e processadas.