Estudo descarta ligação direta entre tristeza e câncer, mas deixa alerta

Nova pesquisa com mais de 300 mil pessoas não encontrou evidências de que depressão ou ansiedade causem câncer

Por Caroline Vale em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
22/06/2025 21:31

Um estudo de larga escala conduzido por pesquisadores da University Medical Center Groningen (UMCG), na Holanda, ajuda a encerrar uma dúvida que circula há anos: distúrbios mentais como depressão e ansiedade não aumentam diretamente o risco de câncer.

Tristeza causa câncer? A ciência responde.
Tristeza causa câncer? A ciência responde. - iStock/wildpixel

Publicada na revista científica Cancer, da Sociedade Americana de Câncer, a pesquisa acompanhou mais de 320 mil pessoas durante 26 anos, em países como Holanda, Reino Unido, Noruega e Canadá.

A investigação analisou se havia uma conexão entre condições emocionais e o desenvolvimento de tumores.

A conclusão foi clara: não há evidências consistentes de que tristeza ou transtornos como depressão e ansiedade estejam relacionados ao surgimento do câncer.

Um alívio para quem convive com o medo

Entre os participantes do estudo, cerca de 25 mil desenvolveram algum tipo de câncer ao longo do tempo. No entanto, os diagnósticos não apresentaram relação com a saúde mental dos indivíduos.

A única exceção parcial foi o câncer de pulmão, que mostrou um leve aumento de incidência entre pessoas com histórico de distúrbios emocionais.

Mas os pesquisadores destacam que isso se deve, possivelmente, a comportamentos de risco mais frequentes nesse grupo, como fumar, beber em excesso e manter um estilo de vida sedentário.

Nossos resultados trazem alívio para muitos pacientes de câncer que acreditavam que seu diagnóstico poderia estar associado a episódios anteriores de ansiedade ou depressão”, afirmou Lonneke van Tuijil, uma das autoras do estudo.

Alerta dos estudiosos

Embora não tenha sido identificada uma relação direta entre saúde mental e desenvolvimento de tumores, o estudo reforça a importância de monitorar o impacto que condições psicológicas podem ter em escolhas de vida.

Hábitos não saudáveis muitas vezes surgem como formas de lidar com o sofrimento emocional e, esses sim, estão comprovadamente associados ao aumento do risco de câncer.

Com isso, a pesquisa amplia a compreensão sobre os limites da influência da saúde mental no corpo e oferece uma mensagem reconfortante a quem convive com transtornos emocionais: sentir tristeza ou ter ansiedade não significa estar condenado a uma doença grave como o câncer.

Ainda assim, cuidar do bem-estar emocional segue sendo essencial para uma vida mais saudável em todos os aspectos.