Estudo descobre relação entre medicamento comum e demência

Pacientes que utilizaram doses diárias do medicamento por pelo menos três anos, em um intervalo de treze anos, tiveram um risco de demência quase 30% maior

06/12/2024 07:22

Um novo estudo relacionou a demência com alguns medicamentos comuns administrados rotineiramente a idosos para tratar a bexiga hiperativa e incontinência urinária.

Esses medicamentos chamados de anticolinérgicos  incluem o cloridrato de oxibutinina, o succinato de solifenacina e o tartrato de tolterodina.

Embora o impacto dos anticolinérgicos na saúde cognitiva já tenha sido sugerido em estudos anteriores, essa nova investigação fornece evidências mais detalhadas, apontando medicamentos específicos dentro desse grupo como os mais associados ao aumento do risco.

Segundo os pesquisadores, pacientes que utilizaram doses diárias desses medicamentos por pelo menos três anos, em um intervalo de treze anos, tiveram um risco de demência 25% a 29% maior.

Essa descoberta ressalta a importância de os médicos considerarem alternativas terapêuticas com menor impacto na cognição ao tratarem idosos.

Pesquisa destaca relação significativa entre o uso prolongado de medicamentos anticolinérgicos e o risco de demência em idosos
Pesquisa destaca relação significativa entre o uso prolongado de medicamentos anticolinérgicos e o risco de demência em idosos - vorDa/istock

Detalhes da investigação

O estudo, conduzido por equipes da Universidade de Nottingham, Universidade de Manchester e King’s College London, analisou dados de mais de 170.000 pacientes com demência, com idade média de 83 anos.

Os resultados foram publicados no periódico médico BMJ e reforçam a necessidade de uma abordagem cuidadosa na prescrição de medicamentos para idosos, priorizando a saúde cognitiva a longo prazo.

Os pesquisadores constataram que 9% dos pacientes diagnosticados com demência haviam usado medicamentos anticolinérgicos entre 3 e 16 anos antes. Os resultados mostraram que pessoas acima de 80 anos foram as mais afetadas, com uma associação mais forte entre o uso dessas medicações e o desenvolvimento da condição.

Homens também apresentaram um risco maior em comparação às mulheres.

No entanto, nem todos os medicamentos anticolinérgicos demonstraram o mesmo impacto. Substâncias como darifenacina, fumarato de fesoterodina, cloridrato de flavoxato, cloridrato de propiverina e cloreto de tróspio não apresentaram aumento significativo no risco de demência.

O foco principal da pesquisa foi em tratamentos de longo prazo para bexiga hiperativa, amplamente prescritos na prática médica. Como próximos passos, os pesquisadores destacaram a necessidade de estudos mais aprofundados sobre o mirabegrom, uma alternativa usada em idosos após a tentativa com anticolinérgicos. Este medicamento pode oferecer uma opção mais segura, com menor impacto na saúde cognitiva.