Estudo descobre tipo de dieta que pode ajudar a frear crescimento do câncer colorretal

Restrição de aminoácidos mostrou potencial em matar células tumorais, mas estratégia deve ser usada com cautela e combinada ao tratamento convencional

29/06/2025 03:00

Uma nova pesquisa traz esperança para pacientes com câncer colorretal, ao revelar que uma dieta com baixo teor de proteínas pode ajudar a interromper o crescimento do tumor. O estudo, publicado na revista Gastroenterology e conduzido pelo Rogel Cancer Center da Universidade de Michigan, investigou como a redução no consumo de aminoácidos afeta as células cancerígenas — e os resultados foram animadores.

De acordo com os cientistas, limitar a ingestão de proteínas “mata de fome” o câncer. Isso ocorre porque as células tumorais precisam de nutrientes, especialmente aminoácidos, para se multiplicar. Ao privá-las desse recurso, seu desenvolvimento é prejudicado.

Como funciona o mecanismo por trás da dieta?

O segredo está em um complexo celular chamado mTORC1, que age como um “interruptor mestre” na regulação do crescimento celular. Ele é ativado quando há nutrientes disponíveis, e isso estimula as células a se dividir. No caso das células cancerosas, essa ativação contribui para a progressão do tumor.

Ao reduzir a quantidade de proteínas na dieta, o mTORC1 perde força, interrompendo a multiplicação das células malignas. Além disso, a dieta afeta um segundo regulador importante, conhecido como complexo GATOR, que também participa da manutenção do mTORC1.

O resultado? Células tumorais morrem ou deixam de crescer, um passo importante para o controle da doença.

Uma dieta com baixo teor de proteínas pode ajudar a interromper o crescimento do tumor do câncer colorretal
Uma dieta com baixo teor de proteínas pode ajudar a interromper o crescimento do tumor do câncer colorretal - iStock/ fcafotodigital

A restrição proteica deve ser feita com acompanhamento médico

Apesar do potencial da abordagem, os autores do estudo alertam: não se trata de uma dieta que pode ser iniciada por conta própria, nem substitui os tratamentos convencionais, como quimioterapia e radioterapia.

A restrição de proteínas deve ser encarada como uma estratégia complementar e aplicada por tempo limitado, idealmente nas primeiras fases do tratamento, para potencializar o efeito das terapias. Isso porque a proteína continua sendo um nutriente essencial, sobretudo para pacientes que já enfrentam perda de massa muscular e fraqueza durante o tratamento.

A recomendação dos especialistas é que qualquer mudança na alimentação seja feita sob supervisão médica e nutricional, com avaliações constantes para evitar riscos à saúde geral.

Nutrição e câncer: uma nova fronteira de tratamento

Este estudo reforça uma tendência crescente na oncologia: o uso da nutrição como ferramenta terapêutica. Embora a dieta de baixo teor proteico ainda precise de mais pesquisas para ser aplicada com segurança em larga escala, ela representa uma nova abordagem no combate ao câncer colorretal, um dos tipos mais comuns e letais da doença.

A boa notícia é que as descobertas apontam para uma combinação promissora entre dieta e tratamentos tradicionais, algo que pode, no futuro, melhorar a resposta aos medicamentos e aumentar as chances de recuperação dos pacientes.