Estudo dinamarquês liga instabilidade infantil à depressão futura; entenda

Crianças que mudam de casa com frequência têm até 61% mais risco de depressão na vida adulta, revela estudo dinamarquês

Por Thatyana Costa em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
12/04/2025 06:28 / Atualizado em 25/04/2025 08:45

Qual a relação entre mudanças de residência e o risco de depressão?
Qual a relação entre mudanças de residência e o risco de depressão? - Filmstax/istock

Um estudo realizado na Dinamarca trouxe à tona um dado preocupante: crianças que mudam frequentemente de residência têm até 40% mais chances de desenvolver depressão na vida adulta. A pesquisa, publicada na revista científica Jama Psychiatry, analisou dados de quase 1,1 milhão de indivíduos nascidos entre 1981 e 2001, todos residentes no país até os 15 anos.

Entre esses participantes, mais de 35 mil receberam diagnóstico de depressão ao longo da vida adulta. O estudo é um dos mais abrangentes já realizados sobre o tema e revela a importância de um ambiente familiar estável na formação emocional das crianças.

Quanto mais mudanças, maior o risco

A pesquisa identificou que o número de mudanças residenciais tem relação direta com o aumento no risco de depressão. Crianças que se mudaram uma vez entre os 10 e 15 anos apresentaram 41% mais chances de desenvolver o transtorno, enquanto aquelas que se mudaram duas vezes ou mais tiveram um aumento de 61% no risco.

Clive Sabel, professor da Universidade de Plymouth e autor principal do estudo, afirma que a instabilidade durante a infância pode afetar a formação de laços sociais, o que dificulta o desenvolvimento emocional saudável. Segundo ele, essas transições exigem que as crianças se adaptem constantemente a novos ambientes, o que pode gerar estresse e insegurança.

Além da depressão, o estudo também aponta outras possíveis consequências associadas a mudanças frequentes, como maior propensão a comportamentos de risco, como tentativa de suicídio, envolvimento com criminalidade, abuso de substâncias e desenvolvimento de outros transtornos mentais.

Estabilidade pode ser fator de proteção emocional

Os pesquisadores ressaltam que crescer em um ambiente estável, com vínculos duradouros e conexões sociais consistentes, pode ser um fator de proteção contra a depressão e outros problemas emocionais. A presença de amigos, professores e vizinhos conhecidos ajuda a criar um senso de pertencimento e segurança para as crianças.

Embora o estudo tenha sido feito com população dinamarquesa, os autores acreditam que os resultados são aplicáveis a outros contextos culturais, especialmente em países com alta mobilidade urbana ou instabilidade socioeconômica.

Sinais de alerta da depressão

É importante reconhecer os sinais de depressão, que podem incluir:

  • Tristeza persistente e desinteresse por atividades antes prazerosas;
  • Alterações no apetite e no sono;
  • Irritabilidade e cansaço constante;
  • Sentimentos de culpa, inutilidade e pessimismo.

    Esses sintomas, especialmente se combinados, merecem atenção profissional. O acompanhamento psicológico é essencial para diagnóstico e tratamento adequado.

 

 

Estes são os 6 diferentes tipos de depressão

A depressão pode se manifestar de diversas formas. Entre os principais tipos estão a depressão maior, distimia, bipolar, sazonal, psicótica e atípica. Cada uma apresenta características distintas, afetando o tratamento e diagnóstico. Conhecer essas variações é crucial para um manejo adequado e personalizado da condição. Clique aqui para saber mais.