Estudo liga problemas menstruais a um risco 41% maior de doença cardíaca
Problemas menstruais podem elevar o risco de doenças cardíacas, sugere uma pesquisa que analisou dados de outros 28 estudos publicados até abril de 2024
Um estudo indica que problemas menstruais comuns, como endometriose, síndrome dos ovários policísticos (SOP), menstruações intensas e ciclos irregulares, podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares.

A pesquisa, publicada no periódico Heart, analisou 28 estudos envolvendo mais de 3,2 milhões de participantes. Os resultados mostraram que indivíduos com pelo menos uma dessas condições ginecológicas apresentaram um risco 41% maior de desenvolver doenças cardíacas isquêmicas e 33% maior de sofrer doenças cerebrovasculares, em comparação com aqueles sem essas condições.
Motivos da associação
Os cientistas sugerem que a inflamação sistêmica e a produção de estrogênio podem ser os principais fatores que ligam essas condições ginecológicas às doenças cardiovasculares.
Por exemplo, a endometriose e a SOP estão frequentemente associadas a processos inflamatórios, que podem contribuir para o desenvolvimento de problemas cardíacos.
A endometriose é uma condição em que células semelhantes às do revestimento do útero crescem fora dele, afetando órgãos como ovários e trompas de Falópio. Além de causar dor pélvica e infertilidade, a inflamação crônica associada à endometriose pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares.
“Ao considerar a endometriose, especificamente, o mecanismo que se acredita ligar essa condição ao aumento do risco cardiovascular é a inflamação sistêmica. Dessa forma, a inflamação pode ser um mecanismo subjacente para uma associação entre distúrbios ginecológicos comuns e doenças cardiovasculares e cerebrovasculares”, escreveram os cientistas.
Já a SOP é um distúrbio hormonal que afeta o funcionamento dos ovários, levando a menstruações irregulares, excesso de pelos e dificuldades para engravidar. Pessoas com SOP frequentemente apresentam resistência à insulina e inflamação, fatores que podem elevar o risco de doenças cardíacas.
Enquanto isso, menstruações intensas podem ser caracterizadas pela necessidade de trocar absorventes ou tampões a cada uma ou duas horas, ou pelo uso simultâneo de múltiplos produtos menstruais. Ciclos menstruais irregulares são aqueles em que o intervalo entre as menstruações varia significativamente, sendo inferior a 21 dias ou superior a 35 dias.
Qual é a importância desses achados para a saúde feminina?
Embora o estudo apresente limitações, como a presença de viés em alguns dos estudos analisados, suas conclusões reforçam a importância de uma abordagem integrada na saúde da mulher, considerando tanto aspectos ginecológicos quanto cardiovasculares.
“Embora a extensão dessa associação ainda precise ser explorada e a causalidade não tenha sido estabelecida, as descobertas sugerem que é importante aumentar a conscientização sobre a associação potencial, tanto no público em geral quanto nos profissionais de saúde”, destacaram.
Reconhecer e tratar adequadamente essas condições pode ser crucial para prevenir ou retardar o desenvolvimento de doenças cardíacas e cerebrovasculares em mulheres.