Estudo põe fim aos tão debatidos benefícios e malefícios da creatina
Após analisar mais de 26 mil pessoas, estudo comprova que a creatina monoidratada não oferece riscos aos rins nem causa cãibras ou desidratação
Durante décadas, dúvidas sobre os possíveis malefícios da creatina rondaram academias e consultórios médicos. Preocupações com função renal, desidratação, cãibras e problemas gastrointestinais afastaram muitas pessoas do suplemento, apesar de seus benefícios comprovados para ganho de força e desempenho esportivo.
Mas um estudo publicado no Journal of the International Society of Sports Nutrition, a maior análise de segurança já feita sobre a substância, analisou 685 ensaios clínicos e mais de 26 mil participantes. O resultado? A creatina monoidratada é tão segura quanto um placebo.
Creatina causa efeitos colaterais?
Segundo o levantamento, apenas 4,6% dos usuários relataram efeitos adversos, contra 4,2% no grupo placebo — uma diferença estatisticamente irrelevante.
Mesmo temores específicos, como cãibras musculares e problemas gastrointestinais, não se sustentaram. Quando os dados foram analisados por número real de pessoas afetadas, os números se mostraram mínimos e sem relevância clínica. Por exemplo, apenas 0,52% dos usuários relataram cãibras, frente a 0,07% dos que tomaram placebo.
E o mais importante: nenhuma evidência foi encontrada de prejuízos à função renal, mesmo em estudos com até 14 anos de duração.

Segurança reforçada por grandes bancos de dados internacionais
Além dos estudos clínicos, os pesquisadores analisaram 28,4 milhões de relatórios de efeitos adversos registrados em bancos de dados de saúde pública em cinco países. A creatina apareceu em apenas 203 casos, ou 0,00072% do total, uma fração insignificante.
Grande parte desses relatos envolvia produtos com misturas de suplementos ou, surpreendentemente, nem sequer continham creatina real em sua composição.
Mitos sobre a creatina vêm da desinformação
Analisando mais de 129 mil comentários no YouTube e 657 mil tweets, os autores identificaram que muitas percepções negativas surgem da promoção de versões alternativas da creatina, feitas por marcas que distorcem informações sobre a forma monoidratada, a mais estudada e segura até hoje.
Com isso, boatos infundados circulam amplamente, inclusive influenciando escolas e organizações esportivas a proibirem o suplemento.
Benefícios que vão além da academia
Mais do que impulsionar o treino, a creatina tem mostrado benefícios para a saúde cerebral, podendo ajudar na prevenção da depressão, melhora da função cognitiva em idosos e até ser estudada como tratamento complementar para Parkinson e lesões cerebrais traumáticas.
Pessoas com baixa ingestão alimentar de creatina, como vegetarianos, idosos ou aqueles que seguem dietas à base de plantas, podem ser especialmente beneficiadas com a suplementação. Em crianças e adolescentes, a falta do nutriente foi associada a menor altura, peso e massa magra.
O veredito: creatina monoidratada é segura e eficaz
Após décadas de controvérsias, o consenso científico está mais claro do que nunca: a creatina monoidratada é extremamente segura, mesmo com uso prolongado. A análise envolveu 35 tipos de possíveis efeitos adversos e, em nenhum deles, a creatina se saiu pior que o placebo.
Profissionais de saúde e usuários agora têm uma base sólida para considerar a creatina não como um risco, mas como um aliado seguro à saúde muscular, cognitiva e geral.