Estudo revela dieta que ajuda a interromper crescimento do câncer colorretal

Novas pesquisas ainda são necessárias para determinar a melhor forma de aplicação dessa estratégia, garantindo segurança e eficácia aos pacientes

Por Silvia Melo em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
19/02/2025 16:31 / Atualizado em 20/02/2025 20:18

Enquanto a ciência ainda busca uma cura definitiva para todos os tipos de câncer, novas descobertas continuam surgindo. Um estudo recente revelou que uma dieta específica pode ajudar a interromper o crescimento do câncer de intestino, também conhecido como câncer colorretal.

Como a dieta pobre em proteínas afeta o câncer?

Pesquisadores do Rogel Cancer Center, da Universidade de Michigan, publicaram um estudo na revista Gastroenterology mostrando que uma alimentação com baixo teor de proteínas, ao limitar a ingestão de aminoácidos, pode levar ao aumento da morte das células cancerígenas. Isso ocorre porque a restrição proteica “mata de fome” as células do tumor.

As células cancerígenas precisam de nutrientes para crescer, e um dos reguladores principais desse crescimento é o mTORC1, conhecido como um “mestre” na regulação celular. Esse complexo permite que as células utilizem nutrientes para se multiplicar. No entanto, ao reduzir a disponibilidade desses nutrientes, as células cancerígenas entram em crise e acabam morrendo.

A dieta com baixo teor de proteína bloqueia a via de sinalização de nutrientes que ativa o mTORC1, reduzindo assim o crescimento do tumor. O estudo também identificou que a restrição proteica impacta um complexo chamado GATOR, responsável por manter o mTORC1 em funcionamento.

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A dieta deve ser combinada com tratamento convencional

Apesar dos resultados promissores, os pesquisadores alertam que uma dieta pobre em proteínas não pode ser usada como único tratamento contra o câncer colorretal. Ela precisa ser combinada com terapias convencionais, como quimioterapia e radioterapia, para ser eficaz.

Riscos da restrição de proteínas

A proteína é um nutriente essencial para a manutenção da saúde, especialmente para pacientes oncológicos, que frequentemente enfrentam fraqueza muscular e perda de peso. Portanto, a adoção de uma dieta com baixo teor de proteínas deve ser feita com cautela e sob supervisão médica.

Os especialistas sugerem que a estratégia pode ser mais eficaz se aplicada em períodos específicos, como nas primeiras semanas de quimioterapia ou radioterapia, para potencializar os efeitos do tratamento sem comprometer a saúde geral do paciente.

O estudo reforça o potencial da nutrição como aliada no combate ao câncer de intestino. Embora a restrição proteica não seja uma solução definitiva, pode representar uma abordagem inovadora quando combinada com tratamentos tradicionais. Novas pesquisas ainda são necessárias para determinar a melhor forma de aplicação dessa estratégia, garantindo segurança e eficácia para os pacientes.