Estudo revela o que reduz em 37% risco de AVC em alguns casos

Liderado pelo cardiologista brasileiro Renato Lopes, estudo traz ótima notícia envolvendo AVC e arritmia; entenda

04/01/2024 12:31 / Atualizado em 09/01/2024 11:38

Anticoagulante reduz em 37% risco de AVC em pacientes com doença cardíaca
Anticoagulante reduz em 37% risco de AVC em pacientes com doença cardíaca - peterschreiber.media/istock

Existe uma ampla gama de pacientes com fibrilação atrial (tipo mais comum de arritmia cardíaca) que não apresentam sintomas clínicos, pois estes são controlados por marcapasso.

A eficácia do tratamento anticoagulante para prevenir acidentes vasculares cerebrais (AVCs) nesse grupo de pacientes era desconhecida até a publicação de um estudo recente.

O estudo, publicado na revista especializada The New England Journal of Medicine em novembro, mostrou que o anticoagulante oral apixabana acaba sendo eficaz na redução em 37% do risco de AVC em pacientes com fibrilação atrial controlada por marcapasso. A eficácia aumentou para 49% na prevenção de AVCs graves.

A fibrilação atrial é o tipo mais comum de arritmia cardíaca. Conforme a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), é a principal causa cardíaca de AVCs graves na prática clínica.

Em quais resultados a pesquisa chegou?

A pesquisa teve liderança do cardiologista brasileiro Renato Lopes, professor da Universidade de Duke e fundador do BCRI (Brazilian Clinical Research Institute). Ela ocorreu em mais de 200 centros em 16 países diferentes, incluindo Estados Unidos, Canadá e Europa.

“A eficácia da apixabana para pacientes com fibrilação atrial clínica já era conhecida, mas a grande pergunta era se em pacientes que controlam os batimentos o risco de sangramento por anticoagulante superaria os benefícios. E nós vimos que não, que o benefício final é muito maior, na redução inclusive de casos graves de AVC”, explicou Lopes.

Foram analisados 4.012 pacientes com fibrilação atrial controlada por marcapasso ou implantes, com ou sem histórico de AVCs. A idade média dos participantes era de 76,8 anos, e pouco mais de um terço eram mulheres.

Apesar do anticoagulante ter provocado um leve aumento na incidência de sangramentos nos pacientes, em comparação à aspirina, os sangramentos foram mais leves e em áreas na região intracraniana com menor risco para causar hemorragias cerebrais.

Próximos passos

Lopes acredita que a pesquisa será utilizada como base para a produção de uma nova diretriz brasileira de fibrilação atrial, que considerará o benefício de pacientes com o quadro subclínico iniciarem o tratamento anticoagulante para reduzir o risco cardiovascular.

Um estudo mais refinado, analisando os diferentes desfechos encontrados em cada subgrupo de pacientes, ajudará a orientar o tratamento adequado para cada paciente.

Além disso, uma pesquisa em andamento analisará a fibrilação atrial subclínica em pacientes mais jovens, sem implante cardíaco.

O estudo é uma parceria entre o Duke Clinical Research Institute e o Population Health Research Institute (PHRI). Ambos são institutos de pesquisa líderes em cardiologia no mundo.