Estudo revela o que reduz em 37% risco de AVC em alguns casos

Liderado pelo cardiologista brasileiro Renato Lopes, estudo traz ótima notícia envolvendo AVC e arritmia; entenda

Anticoagulante reduz em 37% risco de AVC em pacientes com doença cardíaca
Créditos: peterschreiber.media/istock
Anticoagulante reduz em 37% risco de AVC em pacientes com doença cardíaca

Existe uma ampla gama de pacientes com fibrilação atrial (tipo mais comum de arritmia cardíaca) que não apresentam sintomas clínicos, pois estes são controlados por marcapasso.

A eficácia do tratamento anticoagulante para prevenir acidentes vasculares cerebrais (AVCs) nesse grupo de pacientes era desconhecida até a publicação de um estudo recente.

O estudo, publicado na revista especializada The New England Journal of Medicine em novembro, mostrou que o anticoagulante oral apixabana acaba sendo eficaz na redução em 37% do risco de AVC em pacientes com fibrilação atrial controlada por marcapasso. A eficácia aumentou para 49% na prevenção de AVCs graves.

A fibrilação atrial é o tipo mais comum de arritmia cardíaca. Conforme a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), é a principal causa cardíaca de AVCs graves na prática clínica.

Em quais resultados a pesquisa chegou?

A pesquisa teve liderança do cardiologista brasileiro Renato Lopes, professor da Universidade de Duke e fundador do BCRI (Brazilian Clinical Research Institute). Ela ocorreu em mais de 200 centros em 16 países diferentes, incluindo Estados Unidos, Canadá e Europa.

“A eficácia da apixabana para pacientes com fibrilação atrial clínica já era conhecida, mas a grande pergunta era se em pacientes que controlam os batimentos o risco de sangramento por anticoagulante superaria os benefícios. E nós vimos que não, que o benefício final é muito maior, na redução inclusive de casos graves de AVC”, explicou Lopes.

Foram analisados 4.012 pacientes com fibrilação atrial controlada por marcapasso ou implantes, com ou sem histórico de AVCs. A idade média dos participantes era de 76,8 anos, e pouco mais de um terço eram mulheres.

Apesar do anticoagulante ter provocado um leve aumento na incidência de sangramentos nos pacientes, em comparação à aspirina, os sangramentos foram mais leves e em áreas na região intracraniana com menor risco para causar hemorragias cerebrais.

Próximos passos

Lopes acredita que a pesquisa será utilizada como base para a produção de uma nova diretriz brasileira de fibrilação atrial, que considerará o benefício de pacientes com o quadro subclínico iniciarem o tratamento anticoagulante para reduzir o risco cardiovascular.

Um estudo mais refinado, analisando os diferentes desfechos encontrados em cada subgrupo de pacientes, ajudará a orientar o tratamento adequado para cada paciente.

Além disso, uma pesquisa em andamento analisará a fibrilação atrial subclínica em pacientes mais jovens, sem implante cardíaco.

O estudo é uma parceria entre o Duke Clinical Research Institute e o Population Health Research Institute (PHRI). Ambos são institutos de pesquisa líderes em cardiologia no mundo.