Estudo revela por que antidepressivos demoram a fazer efeito

A pesquisa mostra a associação com a estrutura cerebral e a serotonina, sinalizando melhorias no tratamento da depressão

Os antidepressivos são inegavelmente essenciais no tratamento de diversos distúrbios de saúde mental. No entanto, em muitos casos, esses medicamentos podem levar semanas para apresentar efeitos efetivos, um fato que tem sido objeto de investigação científica.

Um estudo recente realizado por psiquiatras da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, traz novas informações sobre este fenômeno, associado à própria estrutura cerebral.

Estudo revela por que antidepressivos demoram a fazer efeito
Créditos: iSTock
Estudo revela por que antidepressivos demoram a fazer efeito

Estudo revela por que antidepressivos demoram a fazer efeito

O estudo foi apresentado no Congresso Europeu de Neuropsicofarmacologia realizado em 8 de outubro, em Barcelona, Espanha.

O trabalho contou com a participação de 32 voluntários sem depressão, que foram submetidos ao tratamento com antidepressivos.

Tal abordagem visava analisar apenas a atividade cerebral fisiológica, sem considerar os sintomas psicossomáticos associados à depressão.

Como foi realizada a pesquisa?

Os antidepressivos utilizados pelos participantes foram os Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS), que costumam causar menos efeitos colaterais.

Este tipo de medicamento atua bloqueando o processo natural de reciclagem da serotonina no cérebro – um neurotransmissor que regula a comunicação entre os neurônios e que é renovado periodicamente.

Metade do grupo foi medicada com ISRS enquanto a outra metade recebeu placebo. Os participantes foram monitorados com tomografias para observar a atividade cerebral.

Antidepressivos podem levar semanas para apresentar efeitos efetivos
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Antidepressivos podem levar semanas para apresentar efeitos efetivos

Quais foram as descobertas?

Os resultados da pesquisa indicam que o processo de melhoria trazido pelos antidepressivos é construído ao longo do tempo, já que não houve diferença significativa entre os grupos no primeiro mês de uso dos medicamentos.

Contudo, após cinco semanas, os participantes que tomaram antidepressivos apresentaram uma mudança na atividade cerebral.

Foi observado um deslocamento de atividade – marcada pelas sinapses, que são as conexões entre os neurônios – para as regiões do cérebro responsáveis pelo processamento das emoções (neocórtex) e da memória (hipocampo).

O que isso significa para o tratamento da depressão?

Os cientistas concluíram que a reciclagem da serotonina precisa ser interrompida por um período prolongado até que ocorra uma mudança química que estimule a formação de novas sinapses em áreas específicas do cérebro.

“Comprovamos que o remédio foi capaz de aumentar as sinapses nas áreas mais afetadas pela depressão”, afirma a neurocientista Gitte Knudsen, do Hospital Universitário de Copenhague. Essa descoberta pode contribuir significativamente para aprimorar as estratégias de tratamento da depressão no futuro.