Estudo revela que 1 a cada 30 crianças tem autismo no Brasil
Levantamento marca um avanço significativo na compreensão do autismo no país e na formulação de políticas públicas voltadas para o transtorno
Um estudo inédito no Brasil revelou, pela primeira vez, a prevalência do autismo no país. De acordo com a pesquisa realizada pela Universidade de Passo Fundo (UPF), no Rio Grande do Sul, em parceria com outras instituições de saúde e educação, aproximadamente uma em cada 30 crianças brasileiras apresenta o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O estudo avaliou crianças de 2,5 a 12 anos em Coxilha, no Rio Grande do Sul. A escolha dessa localidade foi estratégica, pois a cidade possui uma população organizada e serviços de saúde estruturados, facilitando a avaliação de todas as crianças.
Detalhes da avaliação
A pesquisa utilizou a Mini-TEA, uma ferramenta criada pela Universidade de Passo Fundo (UPF), projetada para triagem de crianças. A ferramenta é composta por 48 perguntas simples direcionadas aos pais ou responsáveis. A aplicação do questionário leva cerca de dez minutos e dispensa treinamento específico.
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Além de tornar o processo mais rápido, a Mini-TEA organiza as filas de diagnóstico, dando prioridade aos casos que exigem avaliação aprofundada.
Os resultados do estudo provocaram mudanças imediatas na saúde pública. A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul começou a integrar a Mini-TEA à rede estadual, o que quase duplicou o número de casos identificados em Coxilha, ressaltando a relevância de triagens mais amplas.
O governo estadual planeja expandir o uso da ferramenta para outras áreas, com o objetivo de formular políticas públicas mais eficazes para atender às necessidades das famílias afetadas pelo TEA.
Como o autismo manifesta-se?
O autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), manifesta-se de maneiras variadas, com intensidade e características diferentes em cada pessoa. Ele afeta principalmente três áreas: comunicação, interação social e comportamentos repetitivos.
1. Dificuldades na comunicação
- atrasos no desenvolvimento da fala ou ausência de linguagem verbal.
- Dificuldade em iniciar ou manter conversas.
- Uso de linguagem repetitiva (ecolalia) ou frases fora de contexto.
- Dificuldade em compreender expressões faciais, tons de voz ou linguagem figurativa.
2. Desafios na interação social
- Falta de interesse em interações sociais ou dificuldade em estabelecer conexões.
- Pouco contato visual ou dificuldade em interpretar gestos e expressões alheias.
- Preferência por atividades solitárias ou dificuldade em compreender regras sociais.
3. Comportamentos repetitivos e interesses restritos
- Movimentos repetitivos, como balançar o corpo ou bater as mãos.
- Foco intenso em interesses específicos, como objetos, números ou temas.
- Resistência a mudanças na rotina, podendo causar desconforto ou ansiedade.
- Sensibilidade ou hipo-responsividade a estímulos sensoriais (som, luz, texturas).