Estudo revela que virar a noite pode ter efeitos antidepressivos

Saiba mais sobre esta fascinante pesquisa e suas implicações para o tratamento da depressão

Virar a noite, mesmo quando fisicamente exaustos, parece despertar o cérebro de algumas pessoas com mais entusiasmo do que o normal.

Esta peculiaridade motivou pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, a descobrir os efeitos das noites sem sono no funcionamento do cérebro.

Em uma publicação na revista científica Neuron, o estudo evidencia um aumento surpreendente nos níveis de dopamina e melhorias na plasticidade das sinapses em camundongos forçados à privação do sono.

Estudo revela que virar a noite pode ter efeitos antidepressivos
Créditos: iSTock
Estudo revela que virar a noite pode ter efeitos antidepressivos

Estudo revela que virar a noite pode ter efeitos antidepressivos

Este estado, chamado pelos pesquisadores de “religar” o cérebro, resultou em benefícios que perduraram por dias e pode oferecer novas perspectivas para o funcionamento dos antidepressivos.

Mas isso significa que todos devem começar a sacrificar suas noites de sono para melhorar a saúde mental? Vamos mergulhar mais fundo nesse tópico antes de tirar quaisquer conclusões precipitadas.

Como o experimento foi realizado?

O experimento foi delicado e desafiador. Os cientistas precisavam assegurar que seus procedimentos não fossem causar estresse significativo nos camundongos, mas ainda assim fossem desconfortáveis o suficiente para mantê-los acordados.

Após uma noite sem dormir, os camundongos se tornaram mais agressivos, hiperativos e hiperssexuais. E o mais importante: a atividade dos neurônios dopaminérgicos, responsáveis por desencadear a sensação de recompensa, foi elevada durante a privação do sono.

Quais foram os resultados observados?

Enquanto a agressividade, hiperatividade e hiperssexualidade regressaram após algumas horas, o efeito antidepressivo persistiu por alguns dias.

Isso levou os pesquisadores a concluir que a “privação aguda do sono está de alguma forma ativando o organismo”. No entanto, eles alertam que os resultados desse estudo são iniciais e não recomendam a privação do sono como estratégia terapêutica para pessoas diagnosticadas com depressão.

Onde ocorreu o efeito no cérebro?

Kozorovitskiy e sua equipe de pesquisa se perguntaram qual parte do cérebro era responsável pelas mudanças comportamentais e identificaram três áreas que ativaram durante o sono privado: o córtex pré-frontal, o núcleo accumbens e o hipotálamo.

Quando silenciaram individualmente cada uma dessas três regiões, observaram que a inativação do córtex pré-frontal fazia desaparecer o efeito antidepressivo.

Implicações do estudo e sua aplicação futura

Os resultados deste estudo sugerem que o córtex pré-frontal pode ser uma área relevante na busca por alvos terapêuticos para a depressão.

Além disso, a descoberta de que a privação do sono afeta a atividade dos neurônios dopaminérgicos reforça a vista de que essas células desempenham papéis muito diferentes e importantes no cérebro.

Embora a privação de sono possa ter efeitos antidepressivos temporários, é importante lembrar a importância de uma boa noite de sono para a saúde física e mental.