Exame de sangue detecta Alzheimer 17 anos antes dos sintomas
Pesquisadores acreditam que a descoberta pode ser importante para a detecção da demência e para desenvolvimento de tratamentos mais eficazes
Um novo exame, que usa um sensor imuno-infravermelho desenvolvido por uma equipe de pesquisa, é capaz de identificar sinais da doença de Alzheimer no sangue até 17 anos antes do aparecimento dos primeiros sintomas clínicos.
Isso é possível porque a doença tem um período livre de sintomas de 15 a 20 anos.
O sensor detecta o dobramento incorreto do biomarcador proteico beta-amiloide. À medida que a doença progride, esse dobramento incorreto causa depósitos característicos no cérebro, as chamadas placas.
- O alerta no corpo que pode prever demência até 9 anos antes
- Este sintoma incomum ao dormir pode indicar doença cardíaca séria
- 4 situações que indicam a necessidade de fazer exame de colonoscopia antes dos 45
- Estes sinais podem indicar doença silenciosEste no fígado
“Nosso objetivo é determinar o risco de desenvolver a demência de Alzheimer em um estágio posterior com um simples exame de sangue, mesmo antes que as placas tóxicas possam se formar no cérebro, para garantir que uma terapia possa ser iniciada a tempo”, diz o professor Klaus Gerwert, diretor fundador do Centro de Diagnóstico de Proteínas (PRODI) na Ruhr-Universität Bochum, Alemanha.
Sua equipe colaborou para o estudo com um grupo do Centro Alemão de Pesquisa do Câncer em Heidelberg (DKFZ).
Embora ainda não exista cura para o Alzheimer, o diagnóstico precoce favorece o tratamento para retardar a neurodegeneração.
Geralmente a doença é confirmada pelos médicos por meio da avaliação clínica somente após o surgimento dos sinais.
Por isso, os autores do estudo acreditam que a descoberta pode ser importante para a detecção da demência e para desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para a doença.
Como foi feita a pesquisa?
O estudo utilizou dados de uma pesquisa anterior, em que foram coletadas amostras de sangue de pessoas de 50 a 75 anos que não tinham diagnóstico de Alzheimer, no início dos anos 2000.
Os cientistas também convocaram de volta 68 desses participantes que desenvolveram o Alzheimer durante os 17 anos seguintes, e os comparou com 240 pessoas sem a doença.
O objetivo era identificar os biomarcadores do quadro no sangue dos pacientes e, em seguida, analisar se eles já podiam ser detectados nas amostras iniciais, coletadas há quase duas décadas.
Alzheimer
A doença de Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória, comprometendo habilidades de pensamento e a capacidade de realizar as tarefas simples do dia a dia.
O primeiro sintoma, e o mais característico, de Alzheimer é a perda de memória recente. Com a progressão da doença, vão aparecendo sintomas mais graves como, a perda de memória remota (ou seja, dos fatos mais antigos), bem como irritabilidade, falhas na linguagem, prejuízo na capacidade de se orientar no espaço e no tempo.
Embora não haja cura, o paciente precisa ser acompanhado. No Brasil, centros de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) oferecem tratamento multidisciplinar integral e gratuito para pacientes com Alzheimer, além de medicamentos que ajudam a retardar a evolução dos sintomas.