Exame com sangue menstrual detecta endometriose em 10 minutos

Nova tecnologia usa material ultrassensível chamado borofeno para identificar a doença com rapidez, precisão e sem procedimentos invasivos

24/07/2025 15:02

Uma inovação tecnológica promissora pode mudar o cenário do diagnóstico da endometriose, condição que afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva no mundo. Pesquisadores desenvolveram um exame de sangue menstrual ultrassensível que pode identificar a doença em apenas 10 minutos, com mais precisão e é menos invasivo do que os métodos atuais.

Essa nova abordagem, ainda em fase de testes laboratoriais, utiliza um material de ponta chamado borofeno, que consegue detectar marcadores da endometriose mesmo em concentrações extremamente baixas, abrindo caminho para diagnósticos mais rápidos, acessíveis e eficazes.

Borofeno: o material revolucionário por trás do teste

O borofeno é um material bidimensional formado por átomos de boro, com espessura de apenas um átomo. Ele pertence à mesma família do grafeno, mas possui propriedades únicas que o tornam ideal para aplicações médicas. No caso do novo teste, o borofeno é usado para capturar a proteína HMGB-1, um biomarcador associado à endometriose.

Graças a um processo que expõe anticorpos à luz ultravioleta, os cientistas conseguiram fixar essas moléculas na superfície do borofeno de forma precisa, garantindo que suas regiões de detecção fiquem ativas e bem posicionadas para identificar o marcador da doença no sangue menstrual.

Nova tecnologia usa sangue menstrual e material ultrassensível para identificar a endometriose
Nova tecnologia usa sangue menstrual e material ultrassensível para identificar a endometriose - ozgurcankaya/istock

Testes demonstram alta sensibilidade e precisão

Mesmo utilizando amostras simuladas de sangue menstrual, os resultados foram impressionantes: o teste foi capaz de detectar concentrações da proteína HMGB-1 tão baixas quanto 40 picogramas por mililitro. Além disso, ele não reagiu a outras proteínas comuns, como a albumina e o fibrinogênio, eliminando falsos positivos.

Essa precisão torna o exame altamente promissor para aplicação em ambientes clínicos, oferecendo uma alternativa aos atuais métodos, que incluem exames de imagem caros ou cirurgia laparoscópica, ainda considerada padrão-ouro no diagnóstico da endometriose.

Menos dor, mais acesso: um futuro possível para a triagem domiciliar

O uso do sangue menstrual, e não de amostras de sangue venoso, é outro diferencial importante do exame. Isso permite coletas não invasivas, que podem ser feitas em consultórios ginecológicos ou até mesmo em casa, tornando a triagem muito mais acessível, especialmente em regiões onde há carência de profissionais e equipamentos especializados.

Ainda que o exame esteja em fase inicial, pesquisadores vislumbram a possibilidade de, no futuro, integrar essa tecnologia a produtos menstruais, como absorventes ou coletores, permitindo o monitoramento contínuo e discreto de mulheres com sintomas da doença.

Um passo essencial para a saúde reprodutiva das mulheres

Hoje, o tempo médio para diagnóstico da endometriose varia de 8 a 12 anos, o que compromete a saúde física, emocional e reprodutiva de milhões de mulheres. A criação de um exame simples, preciso e acessível tem o potencial de encurtar drasticamente esse tempo, promovendo tratamentos mais precoces e eficazes.

Embora o novo teste ainda precise passar por validações clínicas com pacientes reais, ele representa um marco importante na luta contra uma condição historicamente negligenciada. Com produção relativamente simples e tecnologia já bem estabelecida, o caminho até o uso comercial pode ser mais curto do que o habitual.