Exame de sangue pode prever Parkinson anos antes dos sintomas
Um algoritmo foi capaz de identificar pessoas com a doença degenerativa com base em níveis anormais de proteína
Em um projeto de cooperação internacional, investigadores do University Medical Center Goettingen e da University College London desenvolveram um exame que permite diagnosticar a doença de Parkinson em pacientes de alto risco até sete anos antes.
O teste para prever sintomas motores típicos usa uma amostra de sangue. Os resultados são publicados na revista Nature Communications no dia 18 de junho.
O que é a doença de Parkinson?
doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum e está se tornando cada vez mais comum na população.
Além dos sintomas motores, como lentidão dos movimentos, aumento da tensão muscular e tremores, as pessoas também apresentam sintomas não motores, como problemas de olfato, distúrbios do sono e depressão.
A causa da doença é a degradação progressiva de certas células nervosas do cérebro, o que resulta numa deficiência do neurotransmissor dopamina.
O equilíbrio da dopamina e de outros neurotransmissores no cérebro é fundamental para o bom funcionamento do sistema músculo-esquelético.
Se houver falta de dopamina, as sequências de movimentos sofrem uma interrupção.
Até agora, o diagnóstico baseou-se principalmente nos sintomas motores, que só aparecem quando mais de 70% das células nervosas que contêm dopamina já foram decompostas.
Atualmente não existem pistas, os chamados biomarcadores, que possam indicar o processo específico da doença de forma fácil, direta e, acima de tudo, precoce.
Amostras de sangue e inteligência artificial
Cientistas conseguiram agora prever a doença de Parkinson usando amostras de sangue e inteligência artificial.
Numa primeira etapa, os pesquisadores analisaram as proteínas em amostras de sangue de pacientes com Parkinson de participantes saudáveis do estudo.
Eles identificaram 23 proteínas que apresentavam diferenças entre os participantes doentes e saudáveis e poderiam, portanto, ser biomarcadores para a doença.
Numa segunda etapa, eles examinaram essas 23 proteínas em amostras de sangue de pessoas com distúrbio comportamental isolado do sono Movimento Rápido dos Olhos (REM), que representa um alto risco de doença de Parkinson.
Com a ajuda da inteligência artificial, oito das 23 proteínas foram capazes de prever a doença de Parkinson em 79% destes pacientes até sete anos antes dos sintomas.
O procedimento passará por estudos posteriores para o desenvolvido de uso clínico.
Os pesquisadores acreditam que com esse exame seria possível iniciar o tratamento numa fase mais precoce, o que poderia potencialmente retardar a progressão da doença ou mesmo prevenir a sua ocorrência.