Existe um número de amigos ideal para ter e ser feliz? A ciência responde
Nos Estados Unidos, o percentual de adultos que declararam não ter um amigo íntimo quadruplicou em pouco mais de uma década

Por que falar de amizade agora? Porque nunca foi tão fácil enviar um emoji e, ao mesmo tempo, sentir o eco da solidão.
O número de amigos tem caído vertiginosamente. Nos Estados Unidos, o percentual de adultos que declararam não ter um contato íntimo quadruplicou em pouco mais de uma década (3 % em 2008 para 12 % em 2021). Entre as mulheres, o salto foi ainda mais acentuado.
O fenômeno acende um holofote sobre algo que passa despercebido nas planilhas de produtividade: ter com quem contar.
O que os estudos (ainda poucos) nos contam
Quantos amigos “bastam”?
Média de 3 – 6 laços íntimos aparece na maioria dos levantamentos.
Existe um teto para conexões?
A teoria do “número de Dunbar” sugere 150 relacionamentos ativos no total, sendo só 5 bem profundos.
Quanto tempo cria intimidade?
Aproximadamente 200 h de convivência marcada por abertura e presença (Jeffrey Hall, Univ. do Kansas).
Quando a qualidade supera a contagem
Saúde física: Um estudo de 2016 com mais de 3000 adultos mostrou que o número de amigos é vital para a saúde. Quem tem seis (ou mais) bons amigos tem menores índices de pressão arterial e níveis inflamatórios.
Bem-estar na meia-idade: Pesquisadoras australianas observaram, em 2020, que mulheres com ao menos três amizades sólidas relatavam mais satisfação geral – mesmo controlando renda, estado civil e escolaridade.
Os pesquisadores são unânimes: a profundidade do vínculo pesa mais que a soma de nomes na agenda. Amizade não é coleção; é manutenção.

Sinais de alerta
- Você percebe dias inteiros sem conversa fora do trabalho.
- A solidão persiste mesmo cercado de gente.
- Adia convites porque “não vai ter assunto”.
- Na pandemia, um em cada três norte-americanos descreveu sentir “solidão severa”. Reconhecer esses gatilhos é o primeiro passo antes de abrir espaço para novas conexões.
Adulto ocupado, coração apertado: dá para reverter?
Falta de tempo – Transforme rotinas em encontros: caminhe ou faça mercado com um amigo.
Distância geográfica – Reative amigos antigos com áudios de dois minutos – curtos o bastante para caber na agenda, longos o suficiente para sinalizar cuidado.
Timidez ou introversão – Busque grupos de interesse (clube do livro, aula de cerâmica). O tema comum reduz a fricção do primeiro contato.
O que fica
Não há receita universal: algumas pessoas florescem com um círculo íntimo de três amigos; outras precisam de uma mesa cheia aos domingos. Importa mesmo é ter, ao menos, alguém que saiba ler seus silêncios.
Em um mundo que mede sucesso por seguidores, vale lembrar que satisfação se mede em horas compartilhadas, telefonemas espontâneos e a certeza de que, se o chão ceder, há braços prontos para segurar.
Amizade é estatística? Só até a página dois. Daí em diante, vira história – a sua e a de quem escolheu ficar.
Estudo de Harvard revela qual a importância de uma amizade para a saúde
A importância de cultivar amizades com pessoas mais velhas vai além da simples troca de experiências; é uma oportunidade valiosa de aprendizado e crescimento pessoal.
É o que sugere o estudo Harvard Study of Adult Development, desenvolvido pela centenária instituição de Massachusets, que acompanhou a vida de centenas de pessoas ao longo de mais de 80 anos.