Telas: exposição à luz é prejudicial para o sono das crianças

23/04/2018 16:10 / Atualizado em 26/06/2018 01:13

Nossas crianças estão cada vez mais expostas, e mais cedo, às tecnologias – televisão, celular, tablet, etc. É importante destacar que a Academia Americana de Pediatria (AAP), um dos órgãos referência mundial no campo da saúde infantil, defende que este contato não é recomendável a crianças menores de 18 meses.

Novos estudos sempre surgem mostrando os males destas ferramentas no desenvolvimento infantil. Recentemente, a Universidade do Colorado (Estados Unidos) foi responsável por uma pesquisa que demonstrou que a exposição à luz antes de dormir impacta mais o sono das crianças do que o dos adultos.

A recomendação da AAP é de que o contato da criança com as telas seja somente após os 18 meses.
A recomendação da AAP é de que o contato da criança com as telas seja somente após os 18 meses.

Na faixa etária que vai dos três aos cinco anos de idade, a produção de melatonina, também conhecida como hormônio do sono, é praticamente suprimida pela luz elétrica brilhante. No estudo, dez crianças nessa faixa etária foram expostas à luz intensa por uma hora antes de seu habitual horário de dormir.

Às 20h, a luz foi desligada, mas a melatonina só começou a ser secretada uma hora depois. Os resultados foram comparados à uma base anterior, de 2015, que demonstrava que, em crianças de nove anos, a secreção de melatonina era reduzida em 37% por conta da luz – o que era menos impactante na adolescência.

“A nossa retina é muito sensível ao feixe de luz, principalmente azul [característico de telas de aparelhos eletrônicos]. Como a sensibilidade da criança à luz é ainda maior que a do adulto, isso atrasa seu pico de melatonina, com um impacto maior no sono” – explica Letícia Sosler, neuropediatra e médica do sono no Hospital Israelita Albert Einstein.

Os efeitos da luz antes de dormir são mais prejudiciais às crianças que os adultos.
Os efeitos da luz antes de dormir são mais prejudiciais às crianças que os adultos.

Ela defende ainda que o atraso artificial no pico de melatonina pode, a longo prazo, comprometer também a qualidade do sono de um modo geral.

“Quantidade e qualidade aqui não são equivalentes, mas se a criança tiver que acordar cedo no dia seguinte, o menor tempo de sono pode refletir em seu humor. Se ela estiver irritada, vai demorar a pegar no sono no dia seguinte e assim por diante”, continua.

Outro ponto levantado pelos especialistas é que, com o advento da luz elétrica, acabamos aumentando consideravelmente o período claro e esses horários ficam cada vez mais irregulares, o que pode levar a inúmeros prejuízos, como já demonstraram outros estudos, da obesidade à depressão – tanto na infância quanto na vida adulta.

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