Fake news sobre câncer podem prejudicar diagnóstico e tratamento

Médica analisa os perigos da propagação de notícias falsas e dá dicas para não cair em boatos

Fake news sobre saúde podem ser letais
Créditos: vchal/iStock
Fake news sobre saúde podem ser letais

Não é raro receber em aplicativos como WhatsApp correntes que questionam a eficiência de vacinas e propagam medicamentos milagrosos. Essas chamadas fake news (notícias falsas)  preocupam entidades médicas, pois podem prejudicar diagnóstico de doenças, impactar o tratamento e até custar vidas. O caso é tão sério que o Ministério da Saúde chegou a criar um serviço via WhatsApp para desmascarar esses boatos.

De acordo com Sabrina Chagas, médica da Oncoclínica Centro de Tratamento Oncológico,  é preciso sempre desconfiar e, ao buscar por notícias na internet, sempre checar a fonte. “Informações adquiridas a partir de sites de hospitais de referência são sempre mais confiáveis”, alerta a médica.

“Quando visitar a página de algum médico, procure também dados sobre a sua formação, histórico profissional e locais onde trabalha. Confirme se é registrado no Conselho Regional de Medicina”, explica.

No caso de notícias sobre o câncer, os boatos são inúmeros. Algumas publicações na web sugerem que a mistura de bicarbonato de sódio e suco de limão é tão poderosa quanto qualquer medicamento convencional e que o chá feito com folhas de graviola destrói as células cancerígenas.  Tudo isso não passa de mentira.

Mistura de bicarbonato de sódio com suco de limão para tratar o câncer é boato
Créditos: eskaylim/istock
Mistura de bicarbonato de sódio com suco de limão para tratar o câncer é boato

Abaixo, a médica esclarece sobre os perigos das fake news relacionadas ao câncer. Confira:

Quais  tipos de cânceres mais sofrem com as fake news? Por quê?

Sabemos que 68% das informações disponíveis sobre o câncer na internet são falsas. E também que a cada 40 mil buscas feitas no Google, 2 mil são relacionadas à saúde de uma forma geral. Não temos os dados referentes a qual tipo de câncer mais sofre com as fake news. Mas com certeza a incidência de notícias falsas, nesse contexto, é enorme. Acredito que os tipos de tumores que causam mais rumores são aqueles que acometem um maior número de pessoas, como mama, pulmão, próstata, entre outros.

Quais as principais dicas para identificar as fake news sobre câncer?

É importante sempre checar a fonte da notícia. Informações adquiridas a partir de sites de hospitais de referência são sempre mais confiáveis. Quando visitar a página de algum médico, procure também dados sobre a sua formação, histórico profissional e locais onde trabalha. Confirme se é registrado no Conselho Regional de Medicina. Existem ONGs que já são reconhecidas como referência para diversos temas na oncologia. É preciso estar alerta.

Quais as fake news mais incoerentes já noticiadas nas redes sociais e que tenha conhecimento?

São inúmeras. Mas creio que o maior erro é a não compreensão de que cada caso é um caso. Existem centenas de relatos de pacientes falando de suas doenças, tratamentos, sintomas e prognósticos. Os pacientes tendem a absorver as histórias que leem como a própria história. E não é assim. Por exemplo, o câncer de mama em um mesmo estágio pode ter inúmeros tratamentos e prognósticos diferentes. Cada caso é um caso.

Outras incoerências muito comuns se referem a alimentos e medicamentos com papéis variados em relação ao câncer.

Como as fake news podem atrapalhar o diagnóstico e o tratamento?

Atrapalham muito. Quando os pacientes absorvem a informação errada, automaticamente se sentem inseguros com o próprio tratamento. E ainda podem adotar hábitos que poder ir contra sua própria saúde.

Sabemos que a internet, hoje, faz parte da rotina de todos nós. É inevitável. Mas cada vez mais há profissionais que estão nas mídias fornecendo informações de qualidade, justamente para combater as fake news. E uma forma de ir a favor desse movimento é buscar fontes seguras e sempre tirar suas dúvidas com o médico assistente. Ele, mais do que ninguém, conhece o histórico e o tratamento de cada paciente”, conclui dra. Sabrina.