Ultrassom mostra fetos reagindo ao sabor dos alimentos ingeridos pela mãe

Pesquisadores notaram uma diferença significativa nas reações faciais dentro do útero; alguns fetos fizeram cara de choro e outros, expressões de riso

As ultrassonografias quadridimensionais mostram evidências de que os fetos de 32 a 36 semanas reagem positiva ou negativamente ao  sabor dos alimentos ingeridos pela mãe.

A descoberta é de um estudo do Laboratório de Pesquisa Fetal e Neonatal da Universidade de Durham, no Reino Unido, publicado em 21 de setembro na revista Psychological Science.

A pesquisa que usou a tecnologia de ultrassom 4D foi feita com 100 mulheres grávidas, que receberam uma única cápsula contendo cerca de 400 mg de cenoura ou 400 mg de pó de couve cerca de 20 minutos antes de cada exame.

Os pesquisadores observaram que os fetos expostas ao sabor de cenoura mostraram expressões como puxando o lábio de canto e cara de riso com mais frequência. Enquanto isso, os 34 fetos expostos ao sabor de couve levantaram mais o lábio superior, pressionaram um lábio contra o outro e  fizeram cara de choro.

Cara de riso de um feto exposto a cenoura
Créditos: reprodução/Sage Journals
Cara de riso de um feto exposto a cenoura
Cara de choro de um feto exposto à couve
Créditos: repodução/Sage Journals
Cara de choro de um feto exposto à couve

Essas reações foram captadas cerca de 30 minutos após as gestantes ingerirem as cápsulas. Os autores do estudo explicaram que o conteúdo de sabor das cápsulas sofre digestão, absorção na corrente sanguínea da mãe, metabolização e circulação através da placenta e do feto.

“Vários estudos sugeriram que os bebês podem sentir gosto e cheiro no útero, mas eles são baseados em resultados pós-parto, enquanto nosso estudo é o primeiro a ver essas reações antes do nascimento”, explicou a principal autora Beyza Ustun, pesquisadora de pós-graduação em Laboratório de Pesquisa Fetal e Neonatal da Universidade de Durham.

Os resultados deste estudo podem ter implicações na compreensão do desenvolvimento e função dos receptores de paladar e olfato.

Os autores do estudo querem agora realizar um estudo de acompanhamento desses bebês após o nascimento para investigar se os sabores experimentados no útero podem influenciar sua aceitação de diferentes alimentos.

“Pode-se argumentar que exposições repetidas de sabores pré-natais podem levar a preferências por esses sabores experimentados após o nascimento. Em outras palavras, expor o feto a sabores menos “apreciados”, como couve, pode significar que eles se acostumam com esses sabores no útero”, explicou a coautora Jackie Blissett, professora de psicologia da Universidade de Aston.