Fiocruz classifica fase atual como oportunidade de conter coronavírus
Alto número de casos causados pela Ômicron e uma elevada cobertura vacinal podem ajudar a bloquear circulação de vírus no país, segundo pesquisadores
Perto de completar dois anos, a pandemia de covid-19 ainda apresenta cenário preocupante, mas, para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o atual momento é “uma janela de oportunidade” para que o Brasil controle o coronavírus.
No boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz, divulgado nesta quarta-feira, 9, os pesquisadores apontam que o alto número de vacinados ou com imunidade natural após a onda de Ômicron deve ser aproveitado para deter a circulação do vírus.
“Em um momento em que há muitas pessoas imunes à doença, se houver uma alta cobertura vacinal completa há a possibilidade de tanto reduzir o número de casos, internações e óbitos, como bloquear a circulação do vírus”, afirmam os cientistas.
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A Fiocruz sugere que, nesse sentido, é essencial implementar quatro estratégias de saúde pública: garantir oportunidade de aplicação de vacina, com a disponibilidade em unidades com horário de funcionamento expandido e em postos móveis; realizar busca ativa por pessoas que ainda não iniciaram seus esquemas vacinais; massificar a campanha de incentivo à vacinação de crianças e reforçar os benefícios gerados pela correta higienização, assim como o bom uso de máscaras.
Os pesquisadores também chamam a atenção para a desigualdade na cobertura vacinal no país, com áreas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste em que há bolsões com baixa imunização. “Estes bolsões se constituem em locais de menor Índice de Desenvolvimento Humano, populações mais jovens, menos escolarizadas, baixa renda e residentes de cidades de pequeno porte. Para estes locais, o fim da pandemia parece mais distante que para grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo, que já apresentam elevada cobertura vacinal com duas doses”.
Terceira onda no Brasil
Os pesquisadores chamam o momento atual de terceira onda, que teve início em dezembro de 2021, coincidindo com uma epidemia de Influenza A (gripe) em vários municípios, com um período de festas, férias, relaxamento de medidas de restrição à mobilidade e ainda com a introdução no país da variante Ômicron.
“Em que pese o fato de a vacinação ter impedido que as internações e óbitos subam em igual velocidade aos casos, o aumento súbito de doentes faz crescer, inevitavelmente, a demanda por serviços de saúde, com impactos nas taxas de ocupação de leitos de UTI”, apontam os pesquisadores.
A a Fiocruz ainda chama atenção para os níveis preocupantes de crescimento nas internações de crianças. “Por se tratar do último grupo em que a vacinação foi iniciada, já em 2022, as crianças representam hoje o grupo com maior vulnerabilidade”, afirma o boletim.