Governo de SP diz que CoronaVac é eficaz, mas adia divulgação dos dados
O governo de SP garantiu que a vacinação começará em 25 de janeiro, conforme planejado
O governo de São Paulo afirmou nesta quarta-feira, 23, em coletiva de imprensa realizada no Instituto Butantan, que a CoronaVac, vacina contra covid-19 produzida pelo instituto em parceria com o laboratório chinês Sinovac, é eficaz, mas adiou a divulgação dos dados sobre a eficácia. O resultado da terceira fase de testes seria apresentado nesta quarta.
“Ontem nós chegamos aos números iniciais do estudo clinico de fase 3. Um estudo que envolve 16 centros, mais de 13 mil voluntários incluídos e ontem recebemos as primeiras análises deste estudo. Começando pelo perfil de segurança da vacina, agora a segurança avaliada em mais de 20 mil aplicações nesta população. Este dado corrobora o que nós já sabíamos: que esta é a vacina mais segura de todas que estão em testes neste momento”, afirmou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan.
Segundo Covas, o governo adiou a divulgação a pedido da Sinovac. “Temos um contrato com a Sinovac que especifica que o anúncio deste número precisa ser feito em conjunto, no mesmo momento. Então ontem mesmo apresentamos esses números à nossa parceria que, no entanto, solicitou que não houvesse a divulgação do número pelo motivo que eles necessitam analisar cada um dos casos para poder aplicar esses casos à agência NNTA, que é a Anvisa da China”, completou.
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A fase 3 dos testes no Brasil registrou 170 voluntários contaminados. O estudo conclusivo mede a taxa de eficácia do imunizante comparando quantos receberam placebo e quantos tomaram a vacina. A taxa mínima recomendada pela própria Anvisa é de 50% como parâmetro de proteção.
O Secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, garantiu que a porcentagem de eficácia é suficiente para aprovação. “Nesse dia, atingimos a superioridade da eficácia da vacina do Instituto Butantan com a SinoVac para covid-19. Atingiu-se aí os índices exigidos tanto pela Anvisa quanto pela OMS nos estudos de fase 3. Isso permitirá com que evitemos a morte de milhares de pessoas, não só no país, mas em todo mundo”, anunciou o Secretário.
Gorinchteyn foi perguntado se a falta de divulgação da eficácia aconteceu por causa de uma decepção no resultado. Ele negou e disse que o adiamento demonstra isonomia nos dados.
“Quando os estudos foram começados, nosso objetivo é que a eficácia fosse superior a 50%. Se fosse 51% para nós já era importante, principalmente no momento em que vivemos uma crise sanitária. Uma vacina que jpa represente essa mínima superioridade já e um momento de festejar. O fato disso (adiamento) acontecer transmite isonomia, para que uma empresa possa dizer que todo estudo tem o mesmo percentual de eficácia em qualquer lugar do mundo. É isso que a própria empresa entendeu. Ela quer isonomia, quer que todos os resultados sejam iguais, sem nenhuma disparidade entre os países que participam da pesquisa”, explicou o secretário.
Pela resposta de Gorinchteyn, fica claro que houve diferença no percentual de eficácia encontrado no Brasil em relação a outros países e por isso a Sinovac optou por analisar os dados e com isso atrasar a entrega dos resultados para a Anvisa, no Brasil.
O Instituto Butantan também informou que os testes mostraram baixa frequência de reações adversas. “A CoronaVac tem um excelente perfil de segurança com manifestações adversas leves, em uma frequência muito baixa. A reação mais presente é a dor no local da injeção entre o grupo vacinal e o grupo que recebeu o placebo”, explicou Covas.
De acordo com o secretário executivo do Centro de Contingência da Covid-19, João Gabbardo, o inicio da vacinação em 25 de janeiro não será comprometido pelos 15 dias pedidos pela Sinovac.
Gabbardo ressaltou que daqui duas semanas, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) receber os dados do estudo após avaliação do laboratório chinês, somados aos cinco dias que o órgão tem para também analisar esses resultados, a vacinação está dentro do prazo para iniciar em 25 de janeiro como previsto.
“Se a vacina for encaminhada para a Anvisa, atenderá às exigências no sentido de eficácia”, declarou o coordenador. “Para o dia 25, nós temos a segurança de que conseguiremos ter essa autorização para iniciar a vacinação.”
O governo federal, após o presidente Jair Bolsonaro ter atuado para não incluir a CoronaVac no Plano Nacional de Imunização (PNI), tem negociado com o Instituto Butantan para comprar doses da vacina. Há um contrato em andamento que prevê a compra de 46 milhões de doses. Nele, a entrega deve acontecer em 3 partes: 9 milhões de doses em janeiro, 15 milhões em fevereiro e 22 milhões em março. Além disso, existe outra negociação para compra de mais 100 milhões de doses, que seriam entregues até o final do 1º semestre de 2021.
O Ministério da Saúde não tem previsão de uma data para início da vacinação. De acordo com o PNI, depois que a Anvisa der o aval para qualquer vacina, e as doses estiverem disponíveis, a distribuição dos imunizantes acontecerá em no máximo 5 dias.