Hábito comum na cozinha leva à neurodegeneração, diz estudo

De acordo com a literatura médica, a neurodegeneração se define como um processo de perda de neurônios no sistema nervoso central ou periférico

200 milhões de litros de resíduos de óleo de cozinha que são gerados mensalmente no Brasil
Créditos: Ben Bryant/Shutterstock
200 milhões de litros de resíduos de óleo de cozinha que são gerados mensalmente no Brasil

Um hábito comum na cozinha pode colaborar com níveis mais elevados de neurodegeneração, revela estudo apresentado no Discover BMB, o encontro anual da Sociedade Americana de Bioquímica e Biologia Molecular. De acordo com os resultados, esse perigo está na reutilização de óleo para fritura.

De acordo com a literatura médica, a neurodegeneração se define como um processo gradual de deterioração e perda de neurônios no sistema nervoso central ou periférico. Esse evento pode resultar em uma variedade de distúrbios neurológicos, como as doenças de Alzheimer e Parkinson.

Segundo os pesquisadores, o aumento da neurodegeneração parece estar ligado aos efeitos do óleo na rede de comunicação entre o fígado, o intestino e o cérebro. Ou seja, este eixo fígado-intestino-cérebro é fundamental para a regulação de diversas funções fisiológicas, e seu comprometimento mostra associação com distúrbios neurológicos.

Qual a relação entre o hábito na cozinha e a neurodegeneração? 

Para entender a relação entre os dois fatores, os especialistas lançaram mão de testes que consistiam em alimentar ratos com óleos de cozinha reutilizados ou com uma dieta mais saudável.

Em comparação com outros grupos, observou-se que os roedores que receberam óleo de gergelim ou girassol reaquecido apresentaram aumento do estresse oxidativo e inflamação no fígado. Além disso, esses mesmos roedores também apresentaram danos ​​no cólon que provocaram alterações em toxinas que provêm de certas bactérias.

Como resultado, o metabolismo lipídico do fígado sofreu uma alteração significativa e o transporte de ácido graxo ômega-3 do cérebro, DHA, diminuiu. 

Esse cenário, por sua vez, resultou em neurodegeneração, que foi observada nos cérebros dos ratos que consumiram o óleo reaquecido, bem como de seus descendentes.

A fritura em altas temperaturas tem sido associada a vários distúrbios metabólicos, mas, segundo os pesquisadores, esse é o primeiro estudo a relatar que o óleo frito a longo prazo aumenta a neurodegeneração na prole da primeira geração.

Gordura trans e outros componentes prejudiciais

Além de adicionar calorias vazias, fritar alimentos geralmente envolve a reutilização do mesmo óleo para fritar.

Esta é uma prática comum tanto em residências quanto em restaurantes.

O óleo reutilizado pode conter componentes prejudiciais, incluindo gordura trans, peróxidos e compostos polares.

Embora sejam necessárias mais pesquisas, os autores do estudo afirmam que a suplementação com ácidos graxos ômega-3 pode ajudar a diminuir a inflamação do fígado e a neurodegeneração.

Por fim, eles acrescentaram que é importante realizar estudos clínicos em humanos para avaliar os efeitos da reutilização de óleo na fritura.