Hospitais alertam que estoque de medicamentos dura mais 2 dias

Entidade que representa hospitais pede ações urgentes do governo para evitar ainda mais mortes de pacientes com covid-19

20/03/2021 11:58

A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) alertou por meio de uma carta aberta para o iminente risco de falar de medicamentos para tratar e intubar pacientes internados com a covid-19. Alguns desses medicamentos têm estoque médio de apenas dois dias, como é o caso do propofol e cisatracurio.

A entidade, que representa 118 hospitais particulares, diz que se medidas urgentes não forem tomadas em âmbito nacional, mais pacientes vão morrer por falta de atendimento adequado.

Estoque de medicamentos para intubar pacientes está crítico
Estoque de medicamentos para intubar pacientes está crítico - divulgação/Governo do Estado de São Paulo

“Entendemos a preocupação do governo em garantir os insumos necessários para a atenção aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), mas a situação do setor privado também é bastante preocupante e, certamente, atingirá o seu ápice nos próximos dias”, diz o documento.

“Caso essas instituições fiquem sem as medicações necessárias para os procedimentos exigidos em pacientes acometidos pela Covid-19, a alta demanda dos hospitais privados sobrecarregará ainda mais o setor público- agravando a situação do sistema de saúde brasileiro”, alerta a Anaph.

A situação preocupante foi levada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na quinta-feira, 18.

Como medida emergencial, a agência decidiu por flexibilizar os processos de fabricação e venda imediata dos medicamentos aos hospitais e clínicas mesmo sem o registro sanitário.

A autorização simplificada vale para medicamentos com pelo menos um de 20 princípios ativos usados na intubação de pacientes. Dessa forma, a medida abrange anestésicos, sedativos, bloqueadores neuromusculares e outros medicamentos hospitalares usados para manter vivos os pacientes de covid-19.

Veja a carta aberta publicada pela Associação Nacional de Hospitais Privados na quinta-feira, 18.

“Carta aberta – Risco iminente de falta de medicamentos para pacientes com Covid-19

A situação é crítica e, se medidas urgentes não forem tomadas em âmbito nacional, mais pacientes morrerão.

Há um ano, o Brasil tem se mobilizado para o enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19). A saúde, sem dúvida, é um dos setores mais afetados pela pandemia, e tem se deparado com vários desafios importantes.

Um dos mais graves, neste momento, é a iminente escassez de medicamentos necessários para atendimento aos pacientes graves acometidos pela Covid-19, bem como a requisição desses medicamentos pelas secretarias municipais de saúde e pelo Ministério da Saúde.

Em levantamento realizado pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), junto aos seus associados, no dia 18 de março de 2021, ficou clara a escassez de medicamentos essenciais para o tratamento de pacientes acometidos pela Covid-19, especialmente os sedativos necessários para intubação. Alguns destes medicamentos têm estoque médio de apenas quatro dias, como é o caso do propofol e cisatracurio.

Estoque atual:

Propofol – 4 dias

•Cisatracurio – 4 dias

•Atracúrio – 4 dias

•Rocuronio – 9 dias

•Midazolam – 14 dias

•Fenatanila – 19 dias

Entendemos a preocupação do governo em garantir os insumos necessários para a atenção aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), mas a situação do setor privado também é bastante preocupante e, certamente, atingirá o seu ápice nos próximos dias. Caso essas instituições fiquem sem as medicações necessárias para os procedimentos exigidos em pacientes acometidos pela Covid-19, a alta demanda dos hospitais privados sobrecarregará ainda mais o setor público- agravando a situação do sistema de saúde brasileiro.

Nos últimos dois dias, houve várias requisições, desorganizando a cadeia de suprimentos e privando hospitais dos recursos necessários já contratados para atender à crescente demanda de pacientes com a Covid-19.

Assim sendo, solicitamos ao Ministério da Saúde e demais órgãos competentes atenção urgente em relação à esta questão crítica que a saúde está vivendo, colocando em risco a vida dos pacientes.

Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp)”