Hospitais alertam que estoque de medicamentos dura mais 2 dias
Entidade que representa hospitais pede ações urgentes do governo para evitar ainda mais mortes de pacientes com covid-19
A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) alertou por meio de uma carta aberta para o iminente risco de falar de medicamentos para tratar e intubar pacientes internados com a covid-19. Alguns desses medicamentos têm estoque médio de apenas dois dias, como é o caso do propofol e cisatracurio.
A entidade, que representa 118 hospitais particulares, diz que se medidas urgentes não forem tomadas em âmbito nacional, mais pacientes vão morrer por falta de atendimento adequado.
“Entendemos a preocupação do governo em garantir os insumos necessários para a atenção aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), mas a situação do setor privado também é bastante preocupante e, certamente, atingirá o seu ápice nos próximos dias”, diz o documento.
“Caso essas instituições fiquem sem as medicações necessárias para os procedimentos exigidos em pacientes acometidos pela Covid-19, a alta demanda dos hospitais privados sobrecarregará ainda mais o setor público- agravando a situação do sistema de saúde brasileiro”, alerta a Anaph.
A situação preocupante foi levada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na quinta-feira, 18.
Como medida emergencial, a agência decidiu por flexibilizar os processos de fabricação e venda imediata dos medicamentos aos hospitais e clínicas mesmo sem o registro sanitário.
A autorização simplificada vale para medicamentos com pelo menos um de 20 princípios ativos usados na intubação de pacientes. Dessa forma, a medida abrange anestésicos, sedativos, bloqueadores neuromusculares e outros medicamentos hospitalares usados para manter vivos os pacientes de covid-19.
Veja a carta aberta publicada pela Associação Nacional de Hospitais Privados na quinta-feira, 18.
“Carta aberta – Risco iminente de falta de medicamentos para pacientes com Covid-19
A situação é crítica e, se medidas urgentes não forem tomadas em âmbito nacional, mais pacientes morrerão.
Há um ano, o Brasil tem se mobilizado para o enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19). A saúde, sem dúvida, é um dos setores mais afetados pela pandemia, e tem se deparado com vários desafios importantes.
Um dos mais graves, neste momento, é a iminente escassez de medicamentos necessários para atendimento aos pacientes graves acometidos pela Covid-19, bem como a requisição desses medicamentos pelas secretarias municipais de saúde e pelo Ministério da Saúde.
Em levantamento realizado pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), junto aos seus associados, no dia 18 de março de 2021, ficou clara a escassez de medicamentos essenciais para o tratamento de pacientes acometidos pela Covid-19, especialmente os sedativos necessários para intubação. Alguns destes medicamentos têm estoque médio de apenas quatro dias, como é o caso do propofol e cisatracurio.
Estoque atual:
•Propofol – 4 dias
•Cisatracurio – 4 dias
•Atracúrio – 4 dias
•Rocuronio – 9 dias
•Midazolam – 14 dias
•Fenatanila – 19 dias
Entendemos a preocupação do governo em garantir os insumos necessários para a atenção aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), mas a situação do setor privado também é bastante preocupante e, certamente, atingirá o seu ápice nos próximos dias. Caso essas instituições fiquem sem as medicações necessárias para os procedimentos exigidos em pacientes acometidos pela Covid-19, a alta demanda dos hospitais privados sobrecarregará ainda mais o setor público- agravando a situação do sistema de saúde brasileiro.
Nos últimos dois dias, houve várias requisições, desorganizando a cadeia de suprimentos e privando hospitais dos recursos necessários já contratados para atender à crescente demanda de pacientes com a Covid-19.
Assim sendo, solicitamos ao Ministério da Saúde e demais órgãos competentes atenção urgente em relação à esta questão crítica que a saúde está vivendo, colocando em risco a vida dos pacientes.
Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp)”