Indústria propõe mudança em rótulos de alimentos vendidos no país
A ABIA (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação) enviou à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) uma proposta de alteração da rotulagem dos alimentos vendidos no país. As mudanças incluem um modelo nutricional frontal, com base indicativa por porção, onde os ícones relativos a valor energético, sódio, açúcares totais e gordura saturada ganham cores de entendimento universal: verde, amarelo e vermelho. O modelo colorido já foi instalado no Reino Unido.
Hoje, as normas que regem a rotulagem têm mais de 10 anos. Inúmeras transformações ocorreram nesse tempo, tanto no estilo de vida das pessoas como nos avanços tecnológicos dos alimentos. A proposta quer atender as mudanças nos hábitos alimentares e a demanda por clareza sobre ingredientes e valores de referência para compor uma dieta equilibrada.
“Todo alimento é bom. É a quantidade que faz a diferença. Para controlar isso, a rotulagem é super importante”, afirma Edmundo Klotz, presidente da associação.
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Alexandre Jobim, presidente da ABIR (Associação das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas, parceira na proposta, também lembrou do índice de analfabetismo e semianalfabetismo no Brasil, e que por isso, a informação deve ser bem acessível.
O projeto é baseado em trabalhos do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação da Unicamp, e está fundamentado em uma abordagem direta, clara e específica, que introduz melhoras significativas no entendimento da composição dos alimentos.
Para a nutricionista Vanderlí Marchiori, presidente da APFIT (Associação Paulista de Fitoterapia) e fundadora da ABNE (Associação Brasileira de Nutrição Esportiva), “a indústria vem caminhando para atender a necessidade da população e empoderar o consumidor para que ele seja capaz de fazer suas escolhas. A informação que deve constar no produto precisa ser clara e direta, este é o caminho para a educação nutricional, em que as pessoas tenham à disposição dados corretos e concretos sobre o alimento que está adquirindo”.
O significado das cores
A cor verde indica que o consumo está mais longe da recomendação diária do nutriente, ou seja, é possível ingeri-lo numa quantidade maior. Já a amarela demanda atenção, e significa que o alimento está com níveis mais próximos de se alcançar a recomendação diária. Por fim, a cor vermelha quer dizer que o consumidor está bem perto de alcançar a recomendação diária do nutriente apenas com o consumo deste único item.
A proposta ainda prevê a mudança da base de indicação das informações sobre os nutrientes para 100 g, pois permite que sejam feitas comparações entre alimentos de uma mesma categoria ou até de categorias diversas. Também quer incluir declaração obrigatória de açúcares totais e tornar a informação por porção opcional.
“A informação por porção é mais próxima da realidade de consumo. Esse modelo possibilita que o consumidor encontre as características dos alimentos e o teor de cada nutriente de forma mais fácil, para que tenha o poder de escolha dentro do contexto de uma dieta equilibrada”, explica Daniella Cunha, diretora de relações institucionais da ABIA.
Um dos maiores desafios, segundo Cunha, é fazer com que o consumidor dexei de olhar apenas para o valor calórico do produto e preste atenção também em outros itens, como sódio e açúcar. Foram destacados o açúcar, a gordura saturada e o sódio, pois são os maiores causadores de doenças crônicas não transmissíveis. No entanto, ela destaca que é preciso atuar em várias frentes para vencer essas doenças, não apenas na mudança dos rótulos.
A Anvisa ainda não sinalizou quando serão realizadas as discussões sobre a proposta de mudança. Enquanto isso, a ABIA está organizando uma pesquisa quantitativa e qualitativa com 2.000 pessoas sobre o assunto, em parceria com o Ibope. O resultado deve ser divulgado na segunda quinzena do mês de novembro.