Jejum intermitente: atenção para essa contraindicação apontada em estudo

Jejum intermitente pode trazer benefícios, mas um estudo aponta riscos dependendo do histórico genético e alimentação pós-jejum

27/01/2025 20:02

O jejum intermitente tem sido amplamente promovido por seus potenciais benefícios à saúde, como perda de peso e melhoria na longevidade.

O jejum intermitente pode ser prejudicial para algumas pessoas
O jejum intermitente pode ser prejudicial para algumas pessoas - Grandbrothers/iStock

No entanto, um estudo conduzido por pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, publicado na revista Nature, sugere que essa prática pode apresentar riscos específicos, especialmente relacionados ao desenvolvimento de tumores intestinais.

Como o jejum intermitente afeta o intestino?

Durante o estudo, realizado em camundongos, os cientistas observaram que, após um período de jejum de 24 horas, houve uma proliferação intensa de células-tronco no epitélio intestinal durante a realimentação (período em que o jejum acaba).

Embora essa regeneração possa ser benéfica para a renovação do tecido intestinal, ela também pode aumentar a suscetibilidade ao desenvolvimento de tumores, dependendo da predisposição genética do indivíduo e dos alimentos consumidos após o jejum.

É importante destacar que o estudo não afirma que o jejum intermitente causa câncer intestinal diretamente.

Renan Oliveira Corrêa, coautor do artigo, esclarece que “vários estudos já demonstraram os benefícios dessa prática, inclusive para a prevenção da doença. Verificamos no nosso estudo que, por aumentar a proliferação de células-tronco no intestino, dependendo da predisposição genética e, possivelmente, do que se come após o jejum, pode ocorrer um aumento do risco de desenvolvimento de tumores só pelo fato de se fazer jejum.”

Quem deve ter cautela ao praticar o jejum intermitente?

Os resultados sugerem que o jejum intermitente pode não ser recomendável para indivíduos com histórico familiar de câncer de intestino. Além disso, a escolha dos alimentos após o período de jejum é crucial.

Então, carnes processadas, produtos ricos em açúcar e bebidas alcoólicas, por exemplo, podem influenciar negativamente durante o período de intensa proliferação celular que ocorre após o jejum.

Embora o estudo tenha sido realizado em camundongos e precise de mais dados, os pesquisadores sugerem cautela na prática do jejum. 

“Nosso achado mostra, portanto, que é o caso de não dar sorte para o azar. O jejum intermitente pode ser muito eficiente, pois de fato reduz o consumo de calorias. Algumas pesquisas mostraram que, além de favorecer a perda de peso, a prática reduz o risco de diabetes e pode trazer melhorias ao sistema imune, protegendo o organismo contra alguns tipos de câncer. No entanto, identificamos que ele não deve ser indicado para todo mundo, já que o momento de realimentação é de grande proliferação celular e pode tornar as células mais suscetíveis à formação de tumores”, explica Corrêa.

Consultas com profissionais de saúde antes de iniciar qualquer regime de jejum são altamente recomendadas para garantir uma abordagem segura e adequada às necessidades individuais (saiba mais clicando aqui).