Justiça mantém corpo de homem congelado à espera de ressuscitação

Antes de morrer, engenheiro brasileiro havia declarou desejo de ser congelado

Técnica de congelamento é conhecida como criogenia
Créditos: Cryonics Institute
Técnica de congelamento é conhecida como criogenia

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ)  autorizou a filha a manter o corpo do pai, o brasileiro Luiz Felippe Dias de Andrade Monteiro, congelado nos Estados Unidos até que a Ciência descubra uma forma de ressuscitação. Na decisão, por unanimidade, o colegiado defendeu que a legislação brasileira não impede a realização do procedimento.

O brasileiro, que morava no Rio de Janeiro e morreu em 2012, havia expressado essa vontade a uma das filhas, Lígia Monteiro, que foi a responsável por enviar o corpo do pai aos EUA. De acordo com a fala do ministro Marco Aurélio Bellizze, durante o voto dele, foi ela quem arcou com todos os custos do congelamento, cerca de 28 mil dólares.

Outras duas filhas do engenheiro, no entanto,  alegavam não saber sobre essa vontade do pai, o que as levou a acionar a Justiça pedindo para que o corpo fosse sepultado no Brasil.  Foi então que Lígia recorreu ao STJ, pedindo que prevalecesse a última vontade do pai.

Esse foi o primeiro caso sobre o tema analisado pelo STJ. “A questão que se coloca é eminentemente jurídica e sob essa perspectiva, apenas, deve ser analisada. Descabe, portanto, qualquer juízo moral e religioso sobre a suposta opção do falecido e seus resultados científicos, bem como qualquer tentativa de regulação da matéria, cuja competência é do Poder Legislativo”, afirmou o ministro Marco Aurélio Bellizze.

Criogenia

Corpo é congelado em temperaturas extremamente baixas
Créditos: cryonics/institute
Corpo é congelado em temperaturas extremamente baixas

A técnica de congelamento é conhecida como criogenia e é realizada por empresas dos Estado Unidos, que têm a permissão do governo para funcionar.  Os corpos são mantido em tanques de nitrogênio líquido em temperaturas extremamente baixas, algo em torno de -196 ºC.

A ideia é que se alguém morrer por causa de uma doença incurável, a pessoa possa ser trazida de volta quando a cura for descoberta.

Atualmente, o congelamento criogênico só pode acontecer quando alguém for declarado legalmente morto.

Como funciona o congelamento criogênico

O congelamento precisa começar o mais cedo possível depois que o paciente morre para evitar danos ao cérebro.

Primeiro, o corpo é resfriado em um banho de gelo para reduzir gradualmente sua temperatura.

Os médicos então drenam o corpo de todo o sangue e o substituem por um líquido anticongelante projetado para impedir a formação de cristais de gelo prejudiciais. O corpo é então embalado em gelo e transferido para uma instalação própria.