Mania nada higiênica pode levar ao Alzheimer, revela pesquisa

Cientistas australianos constataram que um hábito bastante comum pode favorecer o desenvolvimento da doença

21/12/2023 18:21

Limpar nariz com o dedo pode aumentar chances de Alzheimer
Limpar nariz com o dedo pode aumentar chances de Alzheimer - Depositphotos/ingridat

Um hábito bastante comum que a maioria das pessoas tem, mas que geralmente é feito às escondidas, pode ser uma prática de risco que aumenta as chances de desenvolver Alzheimer e outros tipos de demência.

Pois é… A mania de cutucar o nariz e tirar “melecas”, segundo pesquisas, pode acelerar o acúmulo de proteínas associadas à doença de Alzheimer no cérebro.

Os resultados dos estudos, conduzidos por cientistas da Universidade Griffith, na Austrália, apontam uma ligação entre cutucar o nariz e o aumento dessas proteínas que estão associadas ao Alzheimer. A doença, tristemente conhecida por afetar a memória, é uma das mais temidas do século.

Cutucar o nariz aumenta o risco de Alzheimer?

Os cientistas que conduziram os estudos explicam que o hábito de colocar o dedo dentro do nariz pode danificar os tecidos internos protetores, tornando mais fácil para as bactérias nocivas entrarem no cérebro.

A reação do cérebro a essa invasão da bactéria costuma ser semelhante às condições causadas pela doença de Alzheimer.

Um dos autores do estudo orienta que as pessoas evitem colocar dedo no nariz
Um dos autores do estudo orienta que as pessoas evitem colocar dedo no nariz - Depositphotos/Yotka

Durante a pesquisa, publicada na revista Nature, os estudiosos testaram em camundongos a chamada Chlamydia pneumoniae. A bactéria em questão é capaz de causar infecções respiratórias, como a pneumonia.

Anteriormente, outros cientistas encontraram a mesma bactéria em cérebros de pessoas com demência de início tardio. Desde então, uma linha de estudos investiga se há relação de causa e efeito entre a Chlamydia pneumoniae e o declínio cognitivo.

Ao infectarem os camundongos propositalmente para o estudo, os pesquisadores descobriram que a bactéria Chlamydia pneumoniae usa o nervo que se estende entre a cavidade nasal e o cérebro como um caminho de invasão para penetrar no sistema nervoso central. Quando há danos ao tecido fino que reveste o nariz, as infecções nervosas são mais intensas.

O resultado da invasão da bactéria no cérebro

As células cerebrais dos camundongos responderam à bactéria depositando mais proteínas beta-amiloides, que são uma característica marcante do Alzheimer.

“Somos os primeiros a mostrar que a Chlamydia pneumoniae pode subir diretamente pelo nariz e entrar no cérebro, onde pode desencadear patologias que se parecem com a doença de Alzheimer” disse o co-autor do estudo, Professor James St John, em comunicado de imprensa divulgado pela universidade.

Para o estudo, os cientistas utilizaram cepas bacterianas e camundongos. Depois, fizeram coleta de tecidos dos animais e diversos testes para analisar as amostras. Os procedimentos experimentais utilizados no estudo foram conduzidos com a aprovação do Comitê de Biossegurança da Universidade Griffith e do Comitê de Ética Animal da Universidade Griffith.

Enquanto os estudos avançam para confirmar se o mesmo ocorre com seres humanos, o professor St John sugere que as pessoas evitem cutucar o nariz ou aparar os pelos nasais para prevenir danos na parte interna do nariz.

“Cutucar o nariz e arrancar os pelos dele não são boas ideias. Se você danificar o revestimento do nariz, pode aumentar o número de bactérias que podem entrar no seu cérebro”, explicou.

Outras formas de prevenir Alzheimer

Além das orientações do professor do estudo, segundo o Ministério da Saúde, os médicos acreditam que manter a cabeça ativa e uma boa vida social pode retardar ou até mesmo inibir a manifestação do Alzheimer. 

Com isso, as principais formas de prevenir, são:

  • Estudar, ler, pensar, manter a mente sempre ativa;
  • Fazer exercícios de aritmética;
  • Jogos inteligentes;
  • Atividades em grupo;
  • Não fumar;
  • Não consumir bebida alcoólica;
  • Ter alimentação saudável e regrada;
  • Fazer prática de atividades físicas regulares.