Medicamento comum usado por milhões pode aumentar o risco de demência em 33%
Estudo mostra associação entre uso prolongado de inibidores da bomba de prótons e maior probabilidade de desenvolver a doença
O uso prolongado de medicamentos populares para tratar refluxo ácido, conhecidos como inibidores da bomba de prótons (IBPs), pode estar associado a um risco 33% maior de desenvolver demência, segundo pesquisa publicada na revista Neurology.
Os IBPs são amplamente prescritos para reduzir a acidez estomacal e aliviar sintomas como azia, úlceras e refluxo gastroesofágico (DRGE). Estima-se que milhões de pessoas utilizem esses remédios regularmente.
Embora eficazes, estudos anteriores já haviam relacionado o uso contínuo dos IBPs a problemas como fraturas ósseas, doença renal e maior risco de acidente vascular cerebral.
Associação entre refluxo e demência
A nova pesquisa, realizada com mais de 5.700 participantes com idade média de 75 anos, apontou que aqueles que usaram IBPs por mais de 4,4 anos apresentaram risco 33% maior de desenvolver demência em comparação a quem nunca fez uso desses medicamentos.
Entre os voluntários que utilizaram os remédios por longo prazo, 58 desenvolveram demência — o equivalente a 24 casos por 1.000 pessoas-ano.

Estudo não prova relação direta
Especialistas destacam que os resultados mostram apenas uma associação, e não uma relação de causa e efeito. Ou seja, não está comprovado que os IBPs causem demência, mas que o uso prolongado pode estar ligado a maior incidência da doença.
O professor Kamakshi Lakshminarayan, neurologista vascular responsável pelo estudo, alerta que “mais pesquisas são necessárias para confirmar as descobertas e entender as razões dessa possível ligação”.
Alternativas para tratar o refluxo
Além dos medicamentos, médicos recomendam mudanças no estilo de vida que podem ajudar a controlar o refluxo, como:
- manter um peso saudável;
- evitar refeições muito tarde;
- reduzir consumo de alimentos gordurosos, ácidos e cafeína;
- usar antiácidos quando necessário.
Especialistas ressaltam que pessoas em tratamento não devem interromper o uso dos medicamentos por conta própria, pois a suspensão abrupta pode piorar os sintomas. A recomendação é conversar com o médico sobre opções seguras e personalizadas.