Medicamentos comuns podem reduzir o risco de demência, segundo estudo

Cientistas revisaram estudos anteriores e identificaram que determinados medicamentos amplamente utilizados poderiam oferecer uma proteção contra a doença

Por Silvia Melo em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
12/02/2025 18:22

Um novo estudo liderado por pesquisadores das universidades de Cambridge e Exeter revelou que medicamentos comuns, como ibuprofeno, antibióticos e vacinas, podem estar associados a um menor risco de desenvolver demência.

Estudo analisa milhões de casos

A pesquisa revisou 14 estudos anteriores, abrangendo dados de mais de 130 milhões de pessoas e 1 milhão de casos de demência. Os cientistas identificaram que determinados medicamentos amplamente utilizados poderiam oferecer uma proteção contra a doença, destacando a importância de explorar tratamentos acessíveis para a prevenção da demência.

Medicamentos associados a um menor risco de demência

Entre os fármacos analisados, alguns demonstraram uma associação com um menor risco de desenvolver demência. São eles:

  • Prednisona (corticosteroide);
  • Amoxicilina (antibiótico);
  • Vacinas contra tuberculose, hepatite A e difteria.
Revisão de estudos identifica medicamentos que estão associados a um risco menor de demência
Revisão de estudos identifica medicamentos que estão associados a um risco menor de demência - Ivan-balvan/istock

Os pesquisadores sugerem que o efeito protetor pode estar relacionado às propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras desses medicamentos, que poderiam ajudar a reduzir os danos cerebrais associados à demência.

Medicamentos associados a um maior risco

Por outro lado, algumas classes de medicamentos foram associadas a um risco mais elevado de demência, incluindo:

  • Medicamentos para diabetes;
  • Vitaminas e suplementos;
  • Antipsicóticos.

No entanto, os cientistas alertam que essa relação não significa que esses medicamentos causam a doença. Por exemplo, como o diabetes é um fator de risco conhecido para a demência, pessoas que usam medicamentos para controlá-lo já podem ter uma predisposição maior à doença, independentemente da medicação.

Limitações do estudo

Apesar dos resultados promissores, os especialistas ressaltam que são necessárias mais pesquisas para confirmar a relação entre esses medicamentos e a prevenção da demência. O estudo analisou dados observacionais e não incluiu ensaios clínicos randomizados, que são considerados o padrão-ouro para comprovação científica.

Além disso, a demência é uma doença complexa com diversos fatores de risco, incluindo genética, estilo de vida e condições de saúde subjacentes. Portanto, a prevenção deve envolver uma abordagem abrangente, incluindo alimentação saudável, exercícios físicos, estimulação cognitiva e acompanhamento médico regular.

Além disso, vacinas que fortalecem o sistema imunológico podem ajudar a reduzir infecções que, de outra forma, poderiam acelerar processos inflamatórios prejudiciais ao cérebro.