Mieloma múltiplo: entenda o câncer que matou Cristiana Lôbo

Esse tipo raro de câncer pode atacar ossos, sistema imunológico, rins e a contagem de glóbulos vermelhos.

11/11/2021 13:07

A jornalista Cristiana Lôbo morreu nesta quinta-feira, 11, aos 64 anos, vítima de mieloma múltiplo, um tipo raro de câncer que afeta as células produzidas pela medula óssea responsáveis por gerar anticorpos, aumentando o risco de infecções e, consequentemente, tornando os pacientes mais frágeis.

Apesar de ser um tipo raro de câncer, o Brasil registra cerca de 150 mil casos da doença todos os anos, que acomete mais idosos e não tem uma causa específica definida.

 A jornalista Cristiana Lôbo morreu após o câncer de mieloma múltiplo ser agravado por uma pneumonia
 A jornalista Cristiana Lôbo morreu após o câncer de mieloma múltiplo ser agravado por uma pneumonia

O mieloma múltiplo pode atacar ossos, sistema imunológico, rins e a contagem de glóbulos vermelhos.

Pode não haver sintomas, ou eles podem ser generalizados como perda de apetite, dor nos ossos e febre.

Os tratamentos incluem medicamentos, quimioterapia, corticosteroides, radioterapia ou um transplante de células-tronco.

Sinais e sintomas do mieloma múltiplo

Diminuição das taxas sanguíneas

No mieloma múltiplo, o aumento excessivo de células plasmáticas na medula óssea pode desalojar as células normais formadoras de sangue, levando a uma diminuição da contagem de células sanguíneas.

A falta de glóbulos vermelhos pode causar anemia. A doença também pode causar uma diminuição no nível das plaquetas (trombocitopenia), o que pode provocar hemorragias e hematomas. Outra condição que pode se desenvolver é a leucopenia (escassez de glóbulos brancos) que pode causar problemas no combate às infecções.

Problemas ósseos e cálcio

As células do mieloma também interferem nas células que ajudam a manter os ossos fortes. Os ossos vão reconstruindo-se constantemente. Normalmente, os dois tipos principais de células ósseas trabalham juntos para que isto aconteça. As células que geram um novo osso são denominadas osteoblastos. As células que destroem o osso velho são chamadas osteoclastos.

As células do mieloma produzem uma substância que envia um sinal aos osteoclastos para aumentar a velocidade de destruição óssea. Se os osteoblastos não recebem um sinal para formar um osso novo, o osso velho é destruído sem ter um osso recém-formado para substituí-lo, debilitando os ossos e provocando fraturas mais facilmente. Isso causa um aumento nos níveis de cálcio no sangue.

O mieloma múltiplo é quando as células plasmáticas se tornam cancerígenas e crescem fora de controle
O mieloma múltiplo é quando as células plasmáticas se tornam cancerígenas e crescem fora de controle - OGphoto/iStock

Infecções

As células plasmáticas anormais não protegem o organismo de infecções. Como já mencionado, as células plasmáticas normais produzem anticorpos que atacam os germes. As células normais do plasma são substituídas pelas do mieloma múltiplo, impossibilitando assim a produção de anticorpos para combater as infecções.

Os anticorpos produzidos pelas células de mieloma não atuam no combate às infecções, porque são apenas cópias das células plasmáticas.

Problemas renais

O anticorpo produzido pelas células do mieloma pode danificar os rins, levando a problemas no órgão e insuficiência renal.

Gamopatia monoclonal

A presença de muitas cópias do mesmo anticorpo é denominada gamopatia monoclonal. Essa condição pode ser detectada no exame de sangue. Ter gamopatia monoclonal não significa ter mieloma múltiplo, porque ela ocorre em outras doenças, como na macroglobulinemia de Waldenstrom e alguns linfomas. Além disso, algumas pessoas têm gamopatia monoclonal, mas ao contrário do mieloma múltiplo, não apresentam quaisquer problemas.

Essa condição é denominada gamopatia monoclonal de significado indeterminado (MGUS). Pacientes com MGUS podem desenvolver mieloma múltiplo e outras doenças.

Gamopatia monoclonal de significado indeterminado

Na MGUS, as células plasmáticas anormais produzem muitas cópias do mesmo anticorpo. No entanto, essas células plasmáticas não formam um tumor ou massa real e não provocam qualquer um dos outros problemas observados no mieloma múltiplo.

Algumas pessoas com MGUS irão, eventualmente, desenvolver mieloma múltiplo, linfoma ou amiloidose. O risco é maior em pessoas com níveis de proteína elevados. Os pacientes com MGUS não necessitam de tratamento, mas devem ser acompanhados clinicamente.

Mieloma múltiplo latente

É um mieloma assintomático que não causa nenhum problema. Pessoas com mieloma latente apresentam sintomas como, grande quantidade de células plasmáticas na medula óssea, alto nível de imunoglobulina monoclonal no sangue ou alto nível de cadeias leves (denominada proteína de Bence Jones) na urina.

Mas, essas pessoas têm contagens de sangue normais, níveis normais de cálcio, função renal normal, sem danos aos ossos ou órgãos e sem sinais de amiloidose. Os pacientes com mieloma múltiplo latente não precisam de tratamento imediato, porque a doença pode levar de meses a anos para se tornar mieloma ativo (sintomático).

Embora alguns pacientes com mieloma múltiplo não apresentem sintomas, os mais frequentes são:

  • Problemas ósseos;
  • Baixas taxas sanguíneas;
  • Nível de cálcio no sangue aumentado;
  • Sintomas do sistema nervoso;
  • Danos nos nervos;
  • Problemas renais;
  • Infecções.

Textos originalmente publicado no site da American Cancer Society, livremente traduzido e adaptado pela equipe do Instituto Oncoguia.