Neuralgia do trigêmeo: condição descrita como a pior dor do mundo

A dor é tão intensa que, muitas vezes, torna-se incapacitante e pode provocar episódios de vômito e até desmaios

Imagine sentir dores comparadas a choques elétricos e até a facadas. É assim que a neuralgia do trigêmeo é descrita.

A condição, que é considerada a doença com a pior dor do mundo, fez a mineira Carolina Arruda, 27 anos, decidir buscar a morte assistida na Suíça, onde é permitido por lei. 

Ela descobriu a doença há 11 anos e hoje vive à base de morfina, que não chega a aliviar completamente a dor. 

O caso dela é mais delicado, pois até hoje não respondeu bem aos tratamentos e cirurgias. Por conta da dor, ela não consegue trabalhar, estudar e precisa passar a maior parte do tempo deitada para evitar os gatilhos que levam às crises.

Muitas vezes, durante as crises, a jovem chega a vomitar e até desmaiar.

Essa condição crônica afeta o nervo trigêmeo, causando episódios de dor severa e debilitante no rosto. Até mesmo um toque leve ao escovar os dentes, falar ou ao passar maquiagem pode desencadear uma pontada de dor.

Pessoas com neuralgia do trigêmeo podem, a princípio, experimentar episódios curtos e leves de dor. Mas a condição pode piorar, causando períodos mais longos de dor que acontecem com mais frequência. 

O que é a neuralgia do trigêmeo?

A neuralgia do trigêmeo é uma condição neurológica que afeta o nervo trigêmeo, um dos principais nervos responsáveis pela sensibilidade facial.

Esse nervo tem três ramos que transmitem sensações do rosto para o cérebro: o ramo oftálmico, o ramo maxilar e o ramo mandibular.

Quando o nervo trigêmeo é comprimido ou danificado, pode causar episódios de dor extrema.

Neuralgia do trigêmeo é uma das dores mais intensas conhecidas pela medicina
Créditos: SIphotography/DepositPhotos
Neuralgia do trigêmeo é uma das dores mais intensas conhecidas pela medicina

Causas da neuralgia do trigêmeo

  • Compressão do nervo

A causa mais comum da neuralgia do trigêmeo é a compressão do nervo trigêmeo por um vaso sanguíneo próximo, geralmente uma artéria.

Essa compressão pode desgastar a camada protetora do nervo (bainha de mielina), levando a sinais elétricos erráticos e dor intensa.

  • Condições médicas subjacentes

Em alguns casos, a neuralgia do trigêmeo pode ser causada por condições médicas subjacentes, como esclerose múltipla, que também afeta a bainha de mielina, ou tumores que pressionam o nervo trigêmeo.

  • Lesões e traumas

Lesões faciais, cirurgias ou infecções que afetam o nervo trigêmeo podem desencadear a neuralgia do trigêmeo.

Traumas físicos também podem causar danos ao nervo, resultando em episódios de dor.

Sintomas da neuralgia do trigêmeo

  • Episódios de dor intensa, tipo pontada, que pode parecer um choque elétrico.
  • Episódios repentinos de dor ou dor desencadeada ao tocar o rosto, mastigar, falar ou escovar os dentes.
  • Episódios de dor que duram de alguns segundos a vários minutos.
  • Dor que ocorre com espasmos faciais.
  • Episódios de dor que duram dias, semanas, meses ou mais. Algumas pessoas têm períodos em que não sentem dor.
  • Dor em áreas supridas pelo nervo trigêmeo. Essas áreas incluem bochecha, mandíbula, dentes, gengivas ou lábios. 
  • Dor em um lado do rosto de cada vez.
  • Dor em um ponto. Ou a dor pode se espalhar em um padrão mais amplo.
  • Dor que raramente ocorre durante o sono.
  • Episódios de dor que se tornam mais frequentes e intensos ao longo do tempo.

Diagnóstico da neuralgia do trigêmeo

O diagnóstico da neuralgia do trigêmeo baseia-se na descrição dos sintomas e no exame neurológico. Testes adicionais, como ressonância magnética (RM), podem ajudar a identificar a causa subjacente da compressão do nervo ou outras condições relacionadas.

Tratamento 

Frequentemente os médicos prescrevem medicamentos anticonvulsivantes, como carbamazepina e gabapentina, para reduzir a intensidade e a frequência dos episódios de dor.

Relaxantes musculares e antidepressivos tricíclicos também podem ser utilizados.

Injeções de glicerol no gânglio trigeminal podem proporcionar alívio temporário da dor, assim como a radiocirurgia estereotática, que é um procedimento que utiliza radiação para danificar as fibras nervosas e reduzir a dor.

Para casos severos e resistentes ao tratamento medicamentoso, há opções cirúrgicas. Essas podem servir para aliviar a pressão sobre o nervo trigêmeo ou destruir seletivamente fibras nervosas para interromper a transmissão de sinais de dor.