Nova injeção contra o HIV promete prevenir a infecção com apenas duas doses por ano
Aprovado nos EUA, o medicamento Yeztugo, da Gilead, mostra eficácia de 99,9% contra o HIV e pode revolucionar a prevenção do vírus no mundo
A luta contra o HIV acaba de ganhar um reforço promissor. A Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, aprovou a primeira injeção preventiva semestral contra o vírus. O novo medicamento, chamado Yeztugo e desenvolvido pela farmacêutica Gilead, promete mudar o curso da prevenção com apenas duas doses por ano.
A aprovação representa um avanço significativo, especialmente se comparado aos métodos anteriores de prevenção, que exigem o uso diário de comprimidos ou injeções mensais, como o Apretude, aprovado em 2021.
Como funciona o Yeztugo?
O Yeztugo é baseado na molécula lenacapavir, que já vinha sendo usada desde 2022 no tratamento antirretroviral Sunlenca. Agora, com a nova formulação preventiva, a molécula mostrou resultados surpreendentes: mais de 99,9% de eficácia na prevenção do HIV.
O tratamento é indicado para adultos e adolescentes com mais de 35 kg, e sua posologia simples — uma injeção a cada seis meses — tem potencial para facilitar a adesão e ampliar o alcance global da prevenção.

Estudos clínicos comprovam eficácia quase total
Dois grandes ensaios clínicos respaldam a eficácia do Yeztugo:
- Estudo 1: mais de 2 mil mulheres da África Subsaariana participaram. Resultado: nenhum caso de infecção foi registrado entre as participantes que receberam o medicamento.
- Estudo 2: mais de 2 mil pessoas de diferentes gêneros e origens. Resultado: apenas duas infecções foram detectadas, correspondendo a uma eficácia de 99,9%.
- Os efeitos colaterais mais comuns foram reações leves no local da injeção, dor de cabeça e náuseas.
Com tamanha eficácia, o lenacapavir é considerado por muitos especialistas como funcionalmente equivalente a uma vacina, embora tecnicamente não seja uma. A revista Science elegeu a substância como o “Avanço do Ano” em 2024, destacando seu potencial transformador na saúde pública global.
Preço alto é obstáculo à distribuição global
Apesar do impacto potencial, o custo é motivo de preocupação. Analistas estimam que o Yeztugo possa chegar ao mercado americano com um preço de 25 mil dólares por ano, cerca de R$ 135 mil. Especialistas alertam que mesmo países ricos podem enfrentar dificuldades para adotar o medicamento em larga escala.
Entidades de saúde pública e defensores do acesso universal ao tratamento vêm pressionando a Gilead a permitir a fabricação de versões genéricas para países em desenvolvimento.
A controvérsia se intensifica diante de cortes orçamentários em políticas de saúde pública nos EUA, o que pode dificultar a distribuição global do novo medicamento.
Um novo capítulo na prevenção
Com resultados clínicos impressionantes e a promessa de prevenção com apenas duas injeções por ano, o Yeztugo inaugura uma nova era na luta contra o HIV. Se os obstáculos de custo e acesso forem superados, o tratamento poderá salvar milhões de vidas e aproximar o mundo de uma geração livre da aids.