Nova pesquisa sugere conexão entre vírus comum e Alzheimer
Testes mostraram que a exposição ao vírus levou ao aumento da produção de proteínas associadas à neuroinflamação e à progressão do Alzheimer
Um estudo recente conduzido por pesquisadores da Arizona State University aponta uma possível ligação entre a doença de Alzheimer (DA) e uma infecção intestinal crônica causada por um vírus comum, o citomegalovírus (CMV). Publicada no Alzheimer’s & Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association, a pesquisa sugere que o CMV pode viajar do intestino para o cérebro, contribuindo para o desenvolvimento da doença neurodegenerativa.
As descobertas do estudo
A equipe de cientistas analisou tecido de órgãos de 101 doadores de corpos, sendo 66 deles diagnosticados com Alzheimer. Eles encontraram a presença de microglia “marcada” — células imunológicas do cérebro — em um terço dos cérebros dos doadores com Alzheimer. Essa microglia exibia a proteína CD83, um marcador de resposta imunológica.
Ao investigar tecidos intestinais dos mesmos doadores, os pesquisadores identificaram altos níveis de anticorpos IgG4, que estavam diretamente ligados ao CMV. Eles também encontraram o vírus no nervo vago, um canal fundamental que conecta o intestino ao cérebro. Esse achado reforça a hipótese de que a infecção crônica intestinal pelo CMV pode estar relacionada ao desenvolvimento do Alzheimer.
- Santo André realiza terceira edição do Carnadown nesta sexta-feira
- Os 4 melhores lugares com cachoeiras para conhecer no Brasil
- 7 regras simples para melhorar seus níveis de colesterol
- Ilhéus é destino ideal para curtir o feriado de Páscoa

CMV e a progressão do Alzheimer
Testes laboratoriais mostraram que a exposição ao CMV levou ao aumento da produção de proteínas beta-amiloide e tau, ambas associadas à neuroinflamação e à progressão do Alzheimer. Especialistas dizem que a beta-amiloide pode atuar como um mecanismo de defesa contra infecções cerebrais, incluindo o CMV.
Apesar disso, os cientistas ainda investigam se a microglia CD83 desempenha um papel protetor ou prejudicial no cérebro. Compreender essa dinâmica pode ser fundamental para o desenvolvimento de novas terapias para Alzheimer.
CMV: um vírus comum, mas com possíveis implicações graves
O CMV pertence à família dos herpes vírus e é altamente prevalente na população. Mais de 90% das pessoas são expostas a ele até os 80 anos, e cerca de 50% já o contraíram antes dos 40, segundo a Cleveland Clinic. Na maioria dos casos, o vírus permanece dormente no organismo, sem causar sintomas. No entanto, a pesquisa sugere que uma pequena parcela dos infectados pode desenvolver uma infecção intestinal crônica, elevando o risco de Alzheimer.
Tratamentos e possibilidades futuras
Os pesquisadores agora buscam entender por que algumas pessoas desenvolvem infecção crônica pelo CMV enquanto outras não. Fatores como predisposição genética, coinfecções e variantes específicas do vírus podem influenciar esse processo.
Uma perspectiva promissora é o uso de medicamentos antivirais para tratar ou prevenir Alzheimer em indivíduos com infecção crônica por CMV. Ensaios clínicos estão sendo planejados para avaliar a eficácia dessa abordagem terapêutica.
Embora mais pesquisas sejam necessárias, a conexão entre CMV e Alzheimer pode representar um grande avanço na compreensão e no tratamento da doença neurodegenerativa. A prevenção da infecção crônica e a investigação de novas terapias podem ser a chave para reduzir a incidência de Alzheimer no futuro.