Novo exame de sangue detecta Alzheimer em fase inicial
O teste funcionou melhor do que o padrão diagnóstico atual, que se baseia em testes cognitivos e exames cerebrais
Um novo exame de sangue foi muito mais preciso do que as avaliações médicas na detecção da doença de Alzheimer em pessoas com doença em estágio inicial.
O teste teve 91% de precisão no diagnóstico de Alzheimer em pessoas com declínio cognitivo leve ou demência precoce, em comparação com a taxa de 61% dos médicos que examinaram os mesmos pacientes.
O exame que recebeu o nome de APS2 (escore de probabilidade amiloide 2) ainda não tem aprovação para uso rotineiro.
Os pesquisadores divulgaram as descobertas 28 de julho no Journal of the American Medical Association.
O novo teste nasceu da pesquisa de uma equipe do Hospital Universitário de Skane e da Universidade de Lund, na Suécia.
Como o exame de sangue funciona?
O novo teste se baseia nos níveis sanguíneos relativos de dois tipos de proteínas cujo acúmulo no cérebro tem sido uma característica marcante do Alzheimer: “emaranhados” de Tau e “placas” amiloides.
De acordo com a equipe, os aumentos nas concentrações de p-tau217 no sangue são bastante profundos na doença de Alzheimer.
No estágio de demência da doença, os níveis são mais de 8 vezes maiores em comparação com idosos sem Alzheimer.
Detalhes das descobertas
No estudo, 1.213 pacientes que estavam apresentando “sintomas cognitivos” passaram por avaliação médica ou pelo teste APS2. Os pacientes tinham em média 74 anos de idade.
No geral, 23% apresentaram “declínio cognitivo subjetivo”, 44% apresentaram “comprometimento cognitivo leve” e 33% já tinham o diagnóstico de demência.
Os pacientes passaram por avaliação de médicos de atenção primária que se basearam em critérios de padrão internacional, bem como em tomografias e testes cognitivos.
Depois, esses mesmos pacientes também fizeram o exame de sangue APS2.
Os resultados de cada um desses métodos de triagem foram comparados aos testes “padrão ouro” para Alzheimer. Esses testes incluem análise de líquido cefalorraquidiano e tomografias por emissão de pósitrons (PET).
Os exames buscavam presença de amiloide e tau no cérebro.
O ASPS2 acabou tendo 91% de precisão na detecção de Alzheimer em pacientes, em comparação com a precisão de 61% dos médicos.
O exame de sangue superou até mesmo os especialistas em demência. Eles acertaram 73% em seus diagnósticos, em comparação com a precisão de 91% do exame de sangue.
De acordo com os pesquisadores, “este estudo demonstra de forma convincente que medidas sanguíneas altamente sensíveis da doença de Alzheimer podem ser integradas ao processo de tomada de decisão clínica”.
Apesar disso, a equipe enfatizou que um exame de sangue nunca será o único meio de diagnosticar o Alzheimer no início.
Isso ocorre porque o Alzheimer pode levar anos para se desenvolver no cérebro.