Novo medicamento aprovado pela Anvisa revoluciona tratamento do câncer de ovário resistente

Mirvetuximabe soravtansina mostra ganho em sobrevida global e oferece esperança inédita para pacientes no Brasil

03/09/2025 10:31

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do mirvetuximabe soravtansina, conhecido comercialmente como Elahere, o primeiro medicamento específico para pacientes com câncer de ovário resistente à quimioterapia à base de platina. Essa condição ocorre quando a doença retorna em até seis meses após o tratamento padrão, reduzindo significativamente as chances de resposta.

O mirvetuximabe pertence à classe dos conjugados anticorpo-fármaco (ADC). Ele combina um anticorpo direcionado ao receptor de folato alfa (FRα) – presente em cerca de um terço das pacientes – com uma carga quimioterápica que destrói seletivamente células tumorais, preservando em maior parte as células saudáveis.

Resultados de estudo clínico internacional

A aprovação se baseou em um estudo de fase 3 com mais de 450 pacientes. Os resultados foram promissores:

  • 35% de redução no risco de progressão da doença em comparação à quimioterapia convencional;
  • Ganho em sobrevida global, com média de 16,5 meses contra 12,7 meses no grupo de comparação;
  • Taxa de resposta objetiva de 42%, contra apenas 16% na quimioterapia padrão.

Os dados foram apresentados no congresso da ASCO (Sociedade Americana de Oncologia Clínica) e publicados no New England Journal of Medicine.

Para que a terapia seja indicada, é necessário o exame de imuno-histoquímica, já disponível no Brasil, que identifica a presença do receptor FRα. Apenas pacientes com tumores positivos para esse biomarcador podem se beneficiar do novo tratamento.

A Anvisa aprovou o uso do primeiro medicamento específico para pacientes com câncer de ovário resistente à quimioterapia à base de platina
A Anvisa aprovou o uso do primeiro medicamento específico para pacientes com câncer de ovário resistente à quimioterapia à base de platina - Marco Marca/istock

Avanço para pacientes no Brasil

O câncer de ovário é um dos mais letais entre os ginecológicos, com cerca de 7,3 mil novos casos por ano no Brasil, segundo o INCA. Como costuma ser diagnosticado em estágio avançado, o tratamento é desafiador e o risco de recidiva é alto.

A aprovação do Elahere representa um marco, já que há mais de oito anos não surgiam novas opções para esse perfil de pacientes. Ainda não está definida sua inclusão no SUS ou no rol da ANS, mas especialistas destacam o potencial de mudar o cenário do câncer de ovário resistente.