Novo medicamento pode prolongar a vida de pacientes com câncer de mama
Em média, os pacientes que usaram o medicamento - mesmo aqueles com metástases cerebrais - sobreviveram mais de 17 meses sem qualquer progressão do câncer
Um estudo descobriu que um novo medicamento, o anticorpo Trastuzumab Deruxtecan, pode aumentar a sobrevida de pacientes com câncer de mama HER2-positivo. Esse tipo de câncer representa cerca de 15-20% dos casos e é considerado mais agressivo.
A medicina moderna divide o câncer de mama em diferentes tipos de acordo com as características biológicas.
De acordo com o médico oncologista Dr. Ramon Andrade de Mello, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, 50% dos pacientes com câncer de mama avançado e o marcador tecidual HER2 sofrerão de metástases cerebrais, que não foram possíveis de tratar com sucesso com medicamentos até agora.
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“Quando a metástase cerebral acontece, os pacientes têm poucas chances de sobreviver nos próximos anos com as terapias existentes, como cirurgia e radioterapia. Mas o novo medicamento, testado na fase 3, está apresentando bons resultados”, diz o médico oncologista.
O que é o Trastuzumab Deruxtecan?
A substância ativa em questão é um conjugado anticorpo-droga (ADC), unindo o anticorpo Trastuzumab que, uma vez injetado no corpo, acopla-se precisamente à proteína HER2, ao ingrediente ativo deruxtecan, que tem a função de matar células cancerígenas. “Esse ingrediente é ativo no tecido tumoral e dificilmente em qualquer outro lugar no resto do corpo. Essa seletividade é importante para não lesar células que não estão comprometidas”, explica o médico.
Detalhes do estudo
Para determinar o benefício do conjugado anticorpo-droga para câncer de mama HER2-positivo, os investigadores fizeram o estudo DESTINY-Breast12, com mais de 500 pacientes com e sem metástases cerebrais, de 78 centros de câncer na Europa Ocidental, Japão, Austrália e Estados Unidos.
Os resultados mostraram que, em média, os pacientes – mesmo aqueles com metástases cerebrais – sobreviveram mais de 17 meses sem qualquer progressão do câncer. Mais de 60% dos pacientes sobreviveram 12 meses com estabilização do tumor.
Os pesquisadores detectaram regressão das metástases cerebrais em mais de 70% dos participantes e 90% de todos os pacientes estavam vivos um ano após o início do tratamento.
“Essas descobertas oferecem esperança aos pacientes com metástases cerebrais em particular”, diz o oncologista. O medicamento já está aprovado para uso na prática padrão, inclusive no Brasil.
No geral, o oncologista explica que esse conjugado tem “grande potencial para o tratamento do câncer de mama”, já que outros estudos também estão em andamento com bons resultados.
Dr. Ramon ressalta que, embora muitos casos de câncer de mama estejam associados a fatores genéticos e hereditários, o estilo de vida e a alimentação desempenham um importante papel na saúde do corpo e podem aumentar ou diminuir sua suscetibilidade.
De acordo com o médico, medidas que podem ajudar a prevenir o câncer de mama, baseado em importantes estudos científicos, incluem: dieta balanceada, rica em frutas e vegetais e evitando alimentos pró-inflamatórios como frituras e gorduras trans; evitar sobrepeso, atividades físicas regulares, pelo menos 1 hora, 3 dias por semana; evitar ingestão excessiva de bebidas alcoólicas e não fumar.
“Visitar regularmente o ginecologista e realizar a mamografia periodicamente de acordo com a orientação do médico também são atitudes importantes de prevenção”, finaliza o Dr. Ramon Andrade de Mello.