Novo vilão no corpo pode estar sabotando a insulina

Estudo aponta enzima que liga óxido nítrico à insulina como possível causa do diabetes tipo 2. Descoberta abre portas para novos tratamentos

Por Thatyana Costa em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
23/06/2025 20:00

A enzima SCAN pode ser a chave para entender e tratar a resistência à insulina.
A enzima SCAN pode ser a chave para entender e tratar a resistência à insulina. - fcafotodigital/itock

Pesquisadores dos EUA identificaram uma enzima que pode ser a chave para compreender a resistência à insulina. A descoberta promete abrir caminho para novos tratamentos contra o diabetes tipo 2, condição que afeta mais de meio bilhão de pessoas em todo o mundo.

Uma nova suspeita no centro do metabolismo

Estudos liderados por cientistas da Universidade Case Western Reserve, nos Estados Unidos, sugerem que a S-nitrosilação, processo bioquímico antes pouco valorizado no contexto do metabolismo, pode ser fundamental para explicar a disfunção da insulina em pacientes com diabetes tipo 2.

Esse processo envolve o óxido nítrico (NO), uma molécula presente em diversos tecidos do corpo e essencial para funções como comunicação celular, regulação do sistema imunológico e dilatação dos vasos sanguíneos. A novidade é que sua ligação a proteínas, quando excessiva, pode interferir no funcionamento adequado da insulina.

Estudo revela que o excesso de NO pode ser responsável pela falha da insulina no diabetes tipo 2.
Estudo revela que o excesso de NO pode ser responsável pela falha da insulina no diabetes tipo 2. - Igor Alecsander/istock

Enzima SCAN: a possível culpada

A pesquisa identificou uma enzima inédita, chamada SCAN (SNO-CoA-assisted nitrosylase), que intensifica o acoplamento do NO a proteínas específicas, incluindo os receptores de insulina. Em testes com humanos e ratos com resistência à insulina, essa enzima apareceu em níveis elevados.

Mais surpreendente ainda: quando os cientistas bloquearam a SCAN em ratos diabéticos, os sintomas da doença praticamente desapareceram. Isso indica que a enzima pode ser um elo crítico entre o excesso de NO e a perda da eficácia da insulina.

Com isso, o foco das pesquisas agora se volta para o potencial terapêutico de inibir essa enzima — uma abordagem promissora para tratar ou até prevenir o diabetes tipo 2.


Principais fatores de risco para diabetes tipo 2

Sedentarismo, alimentação inadequada e obesidade são os três principais fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2, segundo especialistas. A prevenção depende de hábitos saudáveis, como dieta equilibrada e prática regular de exercícios. Diagnóstico precoce também é essencial para evitar complicações da doença. Clique aqui para saber mais.