O elo oculto entre hábitos noturnos e depressão que você precisa conhecer

Pesquisadores revelam que dormir tarde pode afetar seu bem-estar mental. Saiba como proteger sua saúde emocional

30/05/2025 12:00

Nem sempre ser notívago é uma escolha — mas ajustar a rotina pode fazer diferença para a saúde mental.
Nem sempre ser notívago é uma escolha — mas ajustar a rotina pode fazer diferença para a saúde mental. - iStock/ Chinnapong

Um estudo recente com mais de 500 universitários revelou que pessoas com hábitos noturnos apresentam maior propensão a desenvolver sintomas de depressão. A pesquisa, conduzida pela Universidade de Surrey e publicada na revista PLOS ONE, mostra que a relação entre o horário de funcionamento biológico e a saúde mental pode ser mais estreita do que se imaginava.

Segundo os cientistas, os chamados “cronótipos noturnos” — indivíduos que preferem atividades à noite — tendem a sofrer com qualidade de sono inferior e dificuldades em práticas de atenção plena, fatores que se mostraram diretamente ligados ao risco de depressão.

Cronótipo e saúde mental: conexão biológica e comportamental

O cronótipo define os momentos do dia em que o corpo humano funciona melhor. Pessoas matutinas são mais produtivas nas primeiras horas, enquanto as noturnas têm desempenho superior à noite. O problema, segundo os pesquisadores, é que os notívagos enfrentam um descompasso entre seu relógio biológico e a rotina social, o que leva a um fenômeno conhecido como “jet lag social”.

No estudo com 546 estudantes com idade média de 19,8 anos, quase metade se identificou como notívaga. Esse grupo não apenas dormia pior, mas também relatava dificuldades em reconhecer e descrever emoções, além de menor foco no presente — todos aspectos associados à depressão.

Sono, emoções e álcool: os fatores em jogo

A pesquisa identificou quatro elementos que fazem a ponte entre hábitos noturnos e depressão:

  • Qualidade do sono: principal fator de risco, prejudicada pelo desalinhamento entre o ritmo biológico e a rotina social.
  • Atenção plena: notívagos demonstraram dificuldade em se manter no presente e em lidar com emoções, o que pode elevar a ruminação mental.
  • Regulação emocional: a baixa capacidade de expressar sentimentos dificulta o enfrentamento de situações estressantes.
  • Consumo de álcool: curiosamente, um consumo moderado esteve relacionado a menos sintomas depressivos, possivelmente devido ao aspecto social da bebida entre universitários — um dado que ainda exige mais investigação.
  • Estratégias para proteger a mente noturna

    Ainda que o cronótipo tenha uma base genética, algumas práticas podem ajudar os notívagos a protegerem sua saúde mental:

  • Estabelecer uma rotina de sono regular e de qualidade.
  • Praticar atenção plena, com exercícios de meditação e respiração.
  • Adaptar os horários de trabalho e estudo ao próprio ritmo biológico, sempre que possível.

Depressão eleva risco de outras doenças

Pesquisas recentes indicam que a depressão pode aumentar significativamente a propensão a outras doenças, como diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares. Especialistas alertam para a importância do diagnóstico precoce e tratamento adequado, ressaltando a interconexão entre saúde mental e física. A prevenção é fundamental para o bem-estar geral. Clique aqui para saber mais.