O fator responsável pelas lesões silenciosas nos joelhos das pessoas de 30 anos
Estudo revela que, embora a dor possa não estar presente, muitas pessoas na faixa dos 30 anos já apresentam danos nas articulações
Você tem cerca de 30 anos, se sente saudável e nunca teve problemas nos joelhos? Mesmo assim, suas articulações podem já estar sofrendo em silêncio. Um estudo finlandês recente revelou que lesões estruturais no joelho são surpreendentemente comuns entre adultos jovens — mesmo na ausência de dor ou sintomas.
Publicado na revista Osteoarthritis and Cartilage, o estudo analisou exames de ressonância magnética de quase 300 adultos com idade média de 33 anos e descobriu que quase dois terços apresentavam danos na cartilagem do joelho, enquanto mais da metade exibia osteófitos (pequenos crescimentos ósseos). Esses achados foram identificados mesmo entre pessoas que não relataram dor, rigidez ou limitações funcionais.
O início silencioso da osteoartrite
Essas alterações, aparentemente inofensivas no presente, podem ser o prenúncio da osteoartrite sintomática no futuro. Tradicionalmente associada à terceira idade, essa condição pode estar se desenvolvendo décadas antes dos primeiros sintomas surgirem.
A cartilagem da articulação patelofemoral — onde a rótula se encontra com o fêmur — foi a mais afetada. Cerca de 50% dos participantes apresentaram danos nessa região, enquanto 25% apresentaram lesões na articulação tibiofemoral, entre o fêmur e a tíbia. Lesões de espessura total e sinais de inflamação óssea foram detectados, indicando que o processo degenerativo pode estar em curso mesmo sem manifestações clínicas perceptíveis.

Peso corporal: o maior vilão
Entre os diversos fatores avaliados — incluindo histórico familiar, pressão arterial e níveis de ácido úrico — o índice de massa corporal (IMC) foi o que apresentou a associação mais forte e consistente com as lesões no joelho. Em outras palavras, o excesso de peso pode ser o principal motor da degeneração precoce das articulações.
Com o aumento global das taxas de sobrepeso e obesidade, os pesquisadores alertam que a saúde articular de adultos jovens está em risco. Lesões que antes se esperava encontrar apenas em idosos já estão sendo vistas em pessoas na faixa dos 30 anos.
Sintomas mínimos, risco máximo
Apesar dos achados, a maioria dos participantes relatou pouca ou nenhuma dor ou rigidez. A pontuação média na escala WOMAC, que mede dor, rigidez e função articular, foi de apenas 8,4 em 240 pontos possíveis — indicando que as lesões são, até o momento, assintomáticas.
Porém, essa “calmaria” pode ser enganosa. Segundo os pesquisadores, a ausência de dor agora não significa ausência de problemas no futuro. A degeneração estrutural pode evoluir silenciosamente por anos até se tornar clinicamente relevante e debilitante.

A osteoartrite está começando mais cedo
A ideia de que a osteoartrite é uma condição exclusiva da velhice está sendo desafiada. Dados do Global Burden of Disease de 2019 mostram um aumento significativo na incidência da doença em adultos entre 30 e 44 anos. Outro estudo demonstrou que a prevalência de osteoartrite em pessoas entre 18 e 44 anos subiu de 6,2% em 2001 para 22,7% em 2018.
Embora nem todos os fatores de risco sejam modificáveis, o controle de peso se destaca como uma medida eficaz e acessível para preservar a saúde das articulações. Evitar o excesso de peso pode reduzir significativamente o risco de danos estruturais e o desenvolvimento precoce da osteoartrite.