O que a ciência diz sobre a narcolepsia, condição que provoca sono involuntário
Atualmente, menos de 400 pessoas, em todo o Brasil, estão diagnosticadas com a doença
Responsável por provocar sono involuntário durante o trabalho ou outras situações potencialmente mais perigosas como, por exemplo, dirigindo, a narcolepsia pode afetar as atividades do dia a dia por conta da vontade excessiva de dormir em qualquer hora ou lugar.
Estudos sobre o tema mostram que a doença também paralisa o paciente durante o repouso e pode provocar alucinações durante o sono, como a pessoa sentir que está sonhando acordada, além de episódios temporários de fraqueza muscular (cataplexia).
Quem sofre com narcolepsia pode adormecer involuntariamente, conversando, dançando, comendo ou até mesmo dirigindo. É notável também que, após esses cochilos — que podem durar de dez minutos a mais de uma hora — os pacientes sentem-se mais descansados.
O que diz a ciência?
Muita pouca coisa. Isso porque, apesar do avanço teórico sobre o tema, a ciência ainda não conhece o motivo que causa a narcolepsia. Contudo, evidências consistentes sugerem que pessoas com predisposição genética, quando expostos a algum gatilho ambiental (como infecção ou vacinação, por exemplo), ativam o sistema imunológico, desenvolvendo células de defesa contra um grupo de neurônios específicos de uma região cerebral conhecida como hipotálamo lateral.
Esses neurônios são responsáveis pela produção da hipocretina, substância que promove o despertar e mantém a estabilidade das fases do sono. Com a queda da hipocretina, os indivíduos ficam susceptíveis a uma maior sonolência e instabilidade no decorrer do sono, sobretudo do período do sono REM (sigla em inglês para movimento rápido dos olhos, que é a fase mais profunda do sono).
Além disso, algumas lesões cerebrais, como encefalites ou esclerose múltipla, também podem causar narcolepsia.
Narcolepsia tem cura?
A narcolepsia não tem cura. O tratamento visa exclusivamente controlar os sintomas, como a sonolência excessiva durante o dia. Para isso, são prescritos medicamentos estimulantes de uso controlado, que promovem um maior estado de alerta.
No caso de outros sintomas, é necessário combinar o uso de medicamentos da classe dos antidepressivos — a prescrição não se baseia no efeito desses medicamentos no humor, mas sim em seu impacto direto no sono, evitando a ocorrência desses fenômenos.
O tratamento completo disponível no Brasil não é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou por convênios médicos. Apenas alguns dos antidepressivos usados no tratamento da cataplexia são distribuídos gratuitamente. As medicações são de alto custo, o que dificulta o tratamento adequado no país, especialmente nas doses necessárias para um adequado manejo.
Quer saber mais sobre o assunto? Confira o site Vida Saudável, do Hospital Israelita Albert Einstein.