O que aumenta o risco de câncer de mama precoce? Estudo revela fatores
Estudo do Icesp aponta fatores que influenciam o câncer de mama em idade mais precoce
Uma pesquisa, realizada pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), sugere que a idade da primeira menstruação (menarca) e a amamentação podem estar ligadas ao desenvolvimento precoce do câncer de mama.
O estudo, que analisou os dados de 493 mulheres com até 40 anos diagnosticadas com a doença, concluiu que aquelas que não amamentaram foram diagnosticadas, em média, aos 33 anos, enquanto as que amamentaram apresentaram o diagnóstico em torno dos 35 anos.
Como o ciclo menstrual influencia no risco de câncer de mama?
Durante o ciclo menstrual, as células mamárias acabam expostas a uma grande quantidade de hormônios, o que aumenta o risco de mutação e, consequentemente, de câncer na região.
A exposição hormonal começa com a primeira menstruação, aumentando o risco para as meninas que menstruam cedo (antes dos 12 anos).
“Nas pacientes que menstruaram com 8 anos, por exemplo, o risco era maior do que nas que menstruaram com 9 anos e assim por diante”, explicou a ginecologista obstetra e mastologista Karina Belickas Carreiro, autora da pesquisa.
A autora destaca, no entanto, que o estudo se restringiu a um grupo de mulheres com características específicas: “São mulheres jovens para o diagnóstico e que, provavelmente, tinham peculiaridades, como predisposição para o câncer.”
O papel da amamentação na prevenção do câncer de mama
A amamentação, por sua vez, interrompe o ciclo de exposição hormonal durante a lactação (período de produção de leite) e pode diminuir o risco de câncer de mama.
Além disso, durante a amamentação, uma série de células ruins ou potencialmente cancerígenas acabam sendo eliminadas, o que reduz o risco de câncer.
Por fim, especialistas afirmam que é importante não levar os resultados do estudo ao pé da letra. Pois esses fatores devem ser analisados em conjunto com outros, como comorbidades e histórico familiar.
Por outro lado, cientistas britânicos apontaram que a má alimentação, o tabagismo e o consumo de álcool também estão entre os fatores que aumentam o risco de tumores em pessoas com menos de 50 anos.
As conclusões desses estudos mostram a importância da conscientização das mulheres sobre a necessidade de autoexames e busca por avaliação médica, caso identifiquem qualquer alteração como retração da pele, vermelhidão, inchaço, ferida ou descamação do mamilo e secreção.
“Com o resultado do estudo foi possível concluir que, mais importante do que pensarmos em diminuir a idade para o rastreamento, é insistirmos para que os profissionais escutem as queixas dos pacientes e os orientem para não hesitar e procurar o médico caso apareça qualquer sintoma diferente no corpo, pois assim o tumor pode ser detectado precocemente e maiores são as chances de cura”, destaca Karina.
Veja os sintomas do câncer de mama
A característica mais comum da doença é o aparecimento de um nódulo nas mamas ou axilas geralmente indolor. Além disso, outros sinais podem surgir, como:
- Inchaço de toda ou parte de uma mama (mesmo que não se sinta um nódulo);
- Edema (inchaço) da pele;
- Eritema (vermelhidão) na pele;
- Inversão do mamilo;
- Assimetria das mamas;
- Espessamento ou retração da pele ou do mamilo;
- Secreção pelos mamilos;
- Inchaço do braço;
- Dor na mama ou mamilo.
Como reduzir o risco da doença?
A prevenção do câncer de mama não é totalmente possível em função dos múltiplos fatores não modificáveis relacionados ao surgimento da doença. Mas, além de realizar exames preventivos com frequência, a adoção de alguns hábitos pode diminuir o risco, são eles:
- Manter uma dieta balanceada, rica em frutas e vegetais e com pouca gordura;
- Praticar atividades físicas regulares, pelo menos por 1 hora, 3 dias por semana;
- Evitar sobrepeso;
- Evitar fumar;
- Quando amamentar, fazê-lo pelo maior número de meses possível;
- Evitar ingestão alcoólica excessiva, mais de três drinques de alto teor alcoólico por dia.