O que é a síndrome de Guillain-Barré e quais os sintomas

A condição pode apresentar diferentes graus, provocando leve fraqueza muscular em alguns pacientes ou casos de paralisia total dos quatro membros

A síndrome de Guillain-Barré se manifesta sob a forma de inflamação aguda dos nervos
Créditos: magicmine/DepositPhotos
A síndrome de Guillain-Barré se manifesta sob a forma de inflamação aguda dos nervos

A síndrome de Guillain-Barré é um distúrbio autoimune raro em que o sistema imunológico do corpo ataca erroneamente parte do sistema nervoso, que são os nervos que conectam o cérebro com outras partes do corpo. Esse ataque pode levar a diversos sintomas e, em casos graves, até evoluir para paralisia.

A doença pode afetar pessoas de todas as idades, embora seja mais comum em adultos com mais de 50 anos. 

Em geral, a síndrome evolui rapidamente e atinge o ponto máximo de gravidade por volta da segunda ou terceira semana.

O que causa a síndrome de Guillain-Barré?

Não se conhece bem as causas da condição, mas a maioria dos casos ocorre após uma infecção por vírus ou bactéria.

De acordo com o Ministério da Saúde, a infecção por Campylobacter, que causa diarreia é a mais comum. A incidência anual é de 1-4 casos por 100.000 habitantes e pico entre 20 e 40 anos de idade.

Outras infecções que podem desencadear essa doença incluem Zika, dengue, chikungunya, citomegalovírus, vírus Epstein-Barr, sarampo, vírus de influenza A, Mycoplasma pneumoniae, enterovirus D68, hepatite A, B, C, HIV, entre outras.

Os sintomas geralmente começam alguns dias ou semanas após uma infecção bacteriana ou viral respiratória ou gastrointestinal
Créditos: Giovanni_Cancemi/DepositPhotos
Os sintomas geralmente começam alguns dias ou semanas após uma infecção bacteriana ou viral respiratória ou gastrointestinal

Acredita-se que essa infecção aciona o sistema de defesa do organismo para produzir anticorpos contra os micro-organismos invasores.

Só que a resposta imunológica é mais intensa do que seria necessário. Assim, além do agente infeccioso, ataca também a bainha de mielina que reveste os nervos periféricos, causando a doença.

Quais os sintomas de Guillain-Barré?

O primeiro sinal da doença costuma ser uma sensação de dormência ou queimação nas extremidades, começando pelos membros inferiores e, em seguida, superiores.

O sinal mais perceptível, no entanto, é a fraqueza que piora progressivamente ao longo das horas ou dias. 

Para algumas pessoas, esses sintomas podem causar paralisia das pernas, braços ou músculos do rosto.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em aproximadamente um terço das pessoas, os músculos do peito são afetados, dificultando a respiração.

Em casos graves, a pessoa também pode ter dificuldade para falar e engolir. Esses casos são considerados potencialmente fatais, com a necessidade de internação em unidades de terapia intensiva.

Ainda segundo a OMS, a maioria das pessoas se recupera totalmente mesmo dos casos mais graves.

Outros sintomas da síndrome de Guillain-Barré podem incluir:

  • Visão dupla;
  • Fraqueza facial;
  • Confusão mental;
  • Tremores;
  • Sensação de picadas ou alfinetes e agulhas nas mãos e pés;
  • Dor que pode ser intensa, principalmente à noite;
  • Problemas de coordenação e instabilidade;
  • Batimento cardíaco anormal, frequência cardíaca ou pressão arterial;
  • Problemas com digestão e/ou controle da bexiga.

Como é o diagnóstico?

O diagnóstico tem como base a avaliação clínica e neurológica, a análise laboratorial do líquido cefalorraquiano (LCR) que envolve o sistema nervoso central. Este fluido contém mais proteínas e menos células imunológicas em pessoas com síndrome de Guillain-Barré.

Em alguns casos, uma ressonância magnética da medula espinhal ou mesmo do cérebro pode ajudar a encontrar outras causas potenciais de fraqueza muscular.

Como é o tratamento da síndrome de Guillain-Barré?

Atualmente, não há cura para a SGB. No entanto, algumas terapias podem reduzir a sua gravidade e encurtar o tempo de recuperação. Existem também várias maneiras de tratar as complicações da doença.

Geralmente, o tratamento inicial envolve internação na unidade de terapia intensiva, onde os médicos monitoram de perto a progressão da fraqueza muscular, respiração e frequência cardíaca. 

Dois recursos são bastante utilizados: a plasmaférese (técnica que permite filtrar o plasma do sangue do paciente) e a administração intravenosa de imunoglobulina para impedir a ação dos anticorpos agressores.

A fisioterapia também costuma ser empregada precocemente para manter a funcionalidade dos movimentos.

O Sistema Único de Saúde (SUS) dispõe de Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para a Síndrome de Guillain Barré que oferece esses tratamentos e a reabilitação.