O que explica a hipersensibilidade ao barulho na perspectiva autista?
A hipersensibilidade auditiva é uma condição em que sons comuns, muitas vezes despercebidos pela maioria das pessoas, tornam-se incômodos ou até dolorosos

Viver em um mundo barulhento pode ser um desafio para qualquer pessoa, mas para quem tem hipersensibilidade auditiva, cada som pode se transformar em uma avalanche sensorial. No caso de muitas pessoas autistas, o excesso de ruído não é apenas um incômodo – é uma barreira diária que pode tornar até mesmo as tarefas mais simples extremamente desgastantes.
Imagine entrar em um shopping lotado. Para a maioria das pessoas, há ruídos de fundo, conversas distantes, música ambiente e o som de passos apressados.
Para alguém com hipersensibilidade auditiva, cada um desses sons pode se destacar como se estivessem sendo amplificados ao máximo – o zumbido das lâmpadas fluorescentes, o clique incessante dos saltos contra o chão, o bip dos caixas registradoras. Não há filtro. Tudo chega ao cérebro ao mesmo tempo, sem hierarquia, criando uma experiência caótica e exaustiva.
O Que é hipersensibilidade auditiva?
A hipersensibilidade auditiva é uma condição em que sons comuns, muitas vezes despercebidos pela maioria das pessoas, tornam-se incômodos ou até dolorosos. Enquanto um neurotípico pode ignorar o som de um ar-condicionado ou o eco de uma conversa distante, uma pessoa autista pode sentir esses estímulos como invasivos e perturbadores.
Além disso, a dificuldade de processar e classificar os sons pode criar a sensação de uma sobrecarga sonora contínua, como se a mente estivesse constantemente mergulhada em um mar de ruídos desconexos. Isso pode levar a fadiga extrema, enxaquecas, ansiedade e dificuldade de concentração. Em alguns casos, a exposição prolongada ao excesso de estímulos pode levar a uma espécie de “colapso sensorial”, deixando a pessoa incapacitada por horas ou até dias.
Nem todo Autista é hipersensível
Cada pessoa no espectro do autismo tem uma relação única com a hipersensibilidade: algumas são hipersensíveis, outras são hipossensíveis – ou seja, sentem menos os estímulos e buscam intensificá-los para obter uma sensação completa. Em termos de audição, isso pode significar que algumas pessoas procuram barulhos específicos, como sons repetitivos ou música alta, para equilibrar sua percepção sensorial.
O Impacto do excesso de ruído
Para um autista hipersensível ao som, ambientes ruidosos podem levar a crises de sobrecarga sensorial. Festas, centros urbanos movimentados ou até mesmo um dia comum na escola ou no trabalho podem se tornar experiências esmagadoras. Essa sobrecarga pode resultar em dois tipos principais de resposta:
Explosão emocional: gritos, tentativas de fuga, jogar objetos ou até mesmo comportamento autolesivo.
Shutdown: um estado de desligamento no qual a pessoa pode parecer apática, sem reação ou incapaz de interagir com o ambiente.
O shutdown é um mecanismo de defesa do cérebro para lidar com estímulos excessivos, permitindo que a pessoa se recupere gradualmente ao reduzir sua exposição ao mundo externo.
Estratégias para lidar com a hipersensibilidade sonora
Felizmente, existem recursos que podem ajudar a amenizar o impacto do excesso de ruído para pessoas autistas:
Fones de ouvido com cancelamento de ruído: ajudam a bloquear sons perturbadores, promovendo um ambiente mais confortável.
Música como filtro sonoro: algumas pessoas usam músicas familiares para mascarar ruídos imprevisíveis.
Tampões de ouvido: podem ser úteis para diminuir o volume geral do ambiente, especialmente em locais de trabalho ou estudo.
Espaços tranquilos: ter um local seguro para se retirar quando necessário pode evitar crises e facilitar a recuperação após exposição intensa ao ruído.
Criando ambientes acessíveis para todos
O mundo pode ser um lugar barulhento e desafiador para quem tem hipersensibilidade auditiva, especialmente para muitas pessoas autistas.
Mas, com maior compreensão e a adoção de estratégias eficazes, é possível minimizar o impacto da sobrecarga sensorial e criar ambientes mais acessíveis para todos. Afinal, viver em harmonia com os sons ao nosso redor é um direito que todos merecem ter.
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